Enquanto o mundo gasta US$ 2,7 trilhões em armas, países ainda travam por US$ 1,3 trilhão para o clima

A menos de 40 dias da COP30, que será realizada em Belém, o debate sobre o financiamento climático ainda preocupa. Por razões diversas e uma contradição. Enquanto os países que são potências mundiais destinam trilhões de dólares a seus orçamentos militares, os recursos para conter a crise climática continuam escassos e presos a impasses diplomáticos.

A comparação é simbólica: em 2024, os gastos militares globais atingiram US$ 2,7 trilhões, um recorde histórico, segundo o Observatório do Clima. Já as cifras efetivamente mobilizadas para as mudanças climáticas não chegam a uma fração desse montante, permanecendo na casa de algumas centenas de bilhões por ano. Os dados foram estimados pela reportagens dos sites Observatório do Clima, O Globo e Clima Info.

A diferença de investimentos será um dos temas de tensão na COP30, no mês que vem, em Belém. De um lado, as economias desenvolvidas pressionadas por cobranças históricas de responsabilidade; do outro, as nações em desenvolvimento, que reivindicam mais apoio para cumprir suas metas. “Se a ciência diz que você tem entre cinco e sete anos para fazer o máximo de coisas possíveis, todos os países têm de se mexer”, exigiu o presidente da Conferência, o embaixador André Corrêa do Lago, em entrevista ao Globo.

O Brasil e a presidência da COP29, do Azerbaijão, devem entregar até 27 de outubro um relatório conjunto com as diretrizes para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais de financiamento climático global. O documento é considerado um possível “mapa do caminho” para destravar o fluxo de recursos, detalhando instrumentos financeiros, prazos e mecanismos de acompanhamento.

A estratégia passa por pontos centrais: entre eles; estimular mecanismos de mercado como o do Artigo 6.4 do Acordo de Paris, que regula o comércio internacional de carbono; além de fortalecer fundos multilaterais com maior governança dos países do Sul Global. “A ligação entre clima e economia será o coração da nossa COP. Tudo deve estar junto, porque mudança climática não é uma bolha”, afirmou a diretora-executiva da COP30, Ana Toni, ao Globo.

No plano técnico, as discussões sobre o mercado internacional de carbono avançaram em Bonn, na Alemanha, onde o órgão supervisor da ONU debate o padrão de permanência do Artigo 6.4. Um dos pontos de alerta é a possível exclusão de soluções baseadas na natureza, o que poderia deixar de fora povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais que dependem de recursos para proteger seus territórios e modos de vida.

Contraste entre os gastos militares e a crise climática

Gastos Militares Recorde: Relatório da ONU aponta que o mundo gastou US$ 2,7 trilhões em armamentos em 2024, o maior aumento desde a Guerra Fria, aumentando a corrida armamentista global.

Falta de Financiamento Climático: Em contraste, países em desenvolvimento, especialmente aqueles vulneráveis aos impactos climáticos, necessitam urgentemente de recursos para adaptação.

Meta de Financiamento Climático: A presidência brasileira da COP30 busca avançar na definição de um plano para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais para o financiamento climático até 2035, detalhando mecanismos financeiros para o acesso a esses recursos.

A necessidade da reorientação de recursos

Vontade Política: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacam que não falta dinheiro para o clima, mas sim vontade política para reorientar os recursos.

Alternativas de Financiamento: Existe a proposta de reinvestir apenas uma pequena parte dos gastos militares em apoio à adaptação climática nos países em desenvolvimento, o que seria suficiente para garantir uma segurança sustentável.

Impacto na Segurança Global: A discussão ressalta que a verdadeira segurança não provém apenas do poder militar, mas sim da educação, da saúde e da garantia de um planeta sustentável para todos.

Fonte: Um Só Planeta, ONU News.

Foto: Unsplash/Andre Klimke.

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