Para Lee White, ministro do Meio Ambiente do Gabão, os países só vão adotar medidas significativas sobre a crise climática quando as pessoas nas nações mais ricas começarem a morrer em maior número, conta reportagem do jornal inglês The Guardian, afirmando que os governos ainda não estão se comportando como se o aquecimento global fosse uma crise.
“Com tudo o que aconteceu no ano passado no Chifre da África e no Paquistão, esses lugares realmente contam. Mas com a seca que ocorre uma vez a cada 500 anos na Europa, incêndios na França, e o metrô de Nova York se tornando as Cataratas do Niágara, podemos estar em um ponto em que as coisas estão ficando ruins o suficiente para que as nações desenvolvidas comecem a levar o clima mais a sério. É uma coisa horrível de se dizer, mas até que mais pessoas nos países desenvolvidos morram por causa da crise climática, isso não vai mudar”, disse White.
Relatórios recentes mostram o quão próximo o planeta está da catástrofe climática, com cientistas alertando que o mundo atingiu um “momento realmente sombrio”. O Gabão, uma das nações com mais florestas e lar de mais da metade dos elefantes florestais africanos, criticamente ameaçados de extinção, está realizando uma das maiores vendas de créditos de carbono, gerados pela proteção de sua porção da floresta tropical da bacia do Congo, a segunda maior do mundo e a última que absorve mais carbono do que libera.
O ministro lembrou ainda que os US$ 100 bilhões prometidos em financiamento climático aos países pobres não estão chegando como deveriam, o que gera desconfiança no processo climático da Organização das Nações Unidas (ONU) e dá uma sensação de traição. “As nações desenvolvidas se comprometeram com o financiamento e esse financiamento parece nunca se materializar. Nós não criamos o problema e, portanto, você esperaria um envolvimento mais sincero das nações desenvolvidas e que elas respeitassem sua palavra e seus compromissos”, disse ele.
O financiamento de perdas e danos para países que sofrem as piores consequências do aquecimento global sé uma questão-chave na COP 27, conferência do clima da ONU que começou neste domingo, 6 de novembro, em Sharm el-Sheikh, no Egito. “Acredito profundamente que a COP 27 é uma oportunidade de mostrar a união contra uma ameaça existencial que só podemos superar por meio de ação concertada e implementação efetiva”, declarou Abdel Fattah El-Sisi, líder egípcio, no site do evento.
Fonte: Um Só Planeta.
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