Em protesto, mais de 70 mulheres se casam com árvores no Reino Unido

À medida que crescem as ameaças ambientais, aumenta também o senso de criatividade dos ativistas. Em Bristol, sexta cidade mais populosa da Inglaterra, mais de 70 mulheres se reuniram para um casamento coletivo. Os escolhidos, no entanto, não eram humanos, mas árvores centenárias que estão ameaçadas por um projeto de construção local.

Elas se casaram para evitar a derrubada das representantes do reino vegetal, garantindo, assim, sua proteção e a manutenção dos benefícios que as árvores proporcionam para a cidade. As participantes disseram estar preocupadas com os efeitos que a construção de 166 residências teria sobre o terreno em Bristol.

“Casar-se com uma árvore é um privilégio absoluto”, disse Suzan Hackett, ativista e “noiva” à mídia europeia. “Não é apenas um gesto sentimental, é altamente significativo e simbólico. As árvores são exemplos puros de amor incondicional, que se encaixa perfeitamente com toda a ideia de casamento. Casamento é para a vida, respirar é para a vida”.

Além de produzirem oxigênio, as árvores garantem uma boa qualidade do ar, equilibram o microclima das cidades e influenciam a saúde física e mental da população. A organizadora do evento, Siobhan Kierans, definiu bem o papel vital desse seres: “as árvores são nossas parceiras para a vida”.

Resistência pacífica

Em 2020, o Reino Unido perdeu 4.150 hectares de florestas naturais, pelas contas da organização Global Forest Watch, em grande medida devido ao avanço de construções privadas. A Câmara Municipal de Bristol avalia uma ação civil coletiva feita contra a empresa responsável pela obra.

Embora a ideia de casar com uma árvore possa soar, no mínimo, curiosa para algumas pessoas, essa é uma prática usada como tática de protesto pacífico. O movimento no Reino Unido, inclusive, foi inspirado pelo histórico movimento Chipko na Índia, na década de 1970.

Na ocasião, mulheres se mobilizaram para proteger as florestas indianas contra o avanço da motosserra dos madeireiros. Para marcar sua posição contrária, elas abraçaram centenas de árvores no Himalaia.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Tim Stagge/Unplash.