Florestas subaquáticas podem ajudar a enfrentar a crise climática

Desde que as florestas de algas começaram a desaparecer da costa da Califórnia, nos Estados Unidos, em meados da década de 2010, quando uma onda de calor marinha e vorazes ouriços-do-mar as dizimaram, muitas pessoas têm tentado remediar o problema.

Mergulhadores passaram milhares de horas coletando os ouriços, e os cientistas estão cultivando algas nativas em laboratórios para tentar restabelecer as enormes florestas subaquáticas que criam a base do ecossistema costeiro local.

Kelp, um tipo de alga marinha, forma uma pequena parte das florestas subaquáticas que cobrem a costa de quase todos os continentes. Alguns são relativamente bem estudados, incluindo um rico trecho de algas gigantes que se estende do norte da Cidade do Cabo, na África do Sul, até a costa da Namíbia, que foi o cenário do filme Professor Polvo; e o Great Southern Reef, uma gigantesca floresta de algas que abraça a costa sul da Austrália. Mas muitas dessas florestas não têm nome e são desconhecidas, escondidas debaixo d’água, revela o Guardian.

Apesar de ser uma das plantas de crescimento mais rápido na Terra, o kelp tem sido historicamente difícil de mapear devido às dificuldades de medir a profundidade do oceano com satélites. No entanto, uma pesquisa publicada em 2022 descobriu que as florestas de algas marinhas são muito mais extensas do que se pensava anteriormente.

Um grupo internacional de cientistas de oito países analisou manualmente centenas de estudos – incluindo registros de dados de plantas locais, repositórios online e iniciativas de ciência cidadã – para modelar a distribuição global das florestas oceânicas, explica o San Francisco Chronicle. Eles descobriram que as florestas subaquáticas cobrem entre 6 e 7,2 milhões de quilômetros quadrados: uma área comparável à bacia da floresta amazônica e duas vezes o tamanho da Índia.

E as florestas de algas marinhas podem atuar como um amortecedor vital contra a crise climática, absorvendo o dióxido de carbono da água do mar e da atmosfera. As florestas oceânicas podem armazenar tanto carbono quanto a Floresta Amazônica, de acordo com uma análise.

No entanto, ainda há uma lacuna considerável na compreensão da capacidade de longo prazo das algas de sequestrar carbono, porque falta um sistema para prender o carbono no solo, ao contrário de outras plantas, como manguezais e ervas marinhas. Se o carbono permanece preso ou não também depende do que acontece com as algas, e ainda há debate científico sobre a eficácia do armazenamento do elemento.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Steffen85 / Wikimedia Commons.