Não há mais dúvidas de que as grandes companhias petrolíferas, entre elas a brasileira Petrobras, tenham uma contribuição imensa para a atual crise climática global. Documentos já revelaram que desde a década de 70 essas empresas sabiam que a exploração dos combustíveis fósseis faria com que a temperatura no planeta aumentasse.
Mas até agora, essas multinacionais não pagaram um centavo de compensação pelos danos causados ao meio ambiente. Zero. Nada.
Pesquisadores de duas instituições internacionais, a University de Milan-Bicocca e o Climate Accountability Institute, colocaram na ponta do lápis quanto cada uma dessas corporações deveria pagar anualmente para reparar os danos causados, como por exemplo, contribuir para o aumento de ondas de calor, secas históricas, incêndios florestais, enchentes, o degelo nos polos…
Para chegar a um valor, eles consultaram centenas de economistas especializados na questão climática para entender melhor os custos financeiros associados com o aquecimento global e avaliaram as emissões de carbono individuais dessas empresas. O levantamento apontou que a indústria petrolífera como um todo teria que desembolsar US$ 209 bilhões por ano para compensar o prejuízo que provocará entre os anos de 2025 a 2050.
Os pesquisadores calcularam quanto cada uma deveria pagar, separadamente, nas próximas décadas. Entre as 21 analisadas, a Saudi Aramco, a maior companhia de petróleo do mundo, é de longe a que mais deve: algo em torno de U$ 43 bilhões por ano, cerca de R$ 215 bilhões anuais.
Na sequência aparece a russa Gazprom, maior produtora de gás natural do planeta, que segundo a análise, deveria tirar do próprio bolso U$ 20 bilhões por ano, aproximadamente R$ 100 bilhões, para reparar o estrago ambiental.
Embora a Petrobras seja aquela que representa a menor fatia do bolo global, ainda assim ela deveria ser responsável por reservar U$ 3,9 bilhões de seu orçamento, quase R$ 20 bilhões, para ações ambientais.
Em 2022, a multinacional brasileira registrou lucro líquido de R$ 188 bilhões, o maior de sua história.
“As empresas de combustíveis fósseis têm uma responsabilidade moral para com as partes afetadas pelos danos climáticos e têm o dever de corrigir tais danos. Teoria moral e bom senso – bem como acordos ambientais internacionais por meio do princípio do poluidor-pagador incorporado no artigo 16 da Declaração do Rio de 1992, que exige a “internalização dos custos ambientais” – exigem que os erros históricos sejam corrigidos. Uma maneira direta de fazer isso é através do pagamento de reparações às partes prejudicadas”, dizem os pesquisadores em seu artigo, publicado na revista One Earth.
“À medida que tempestades cada vez mais devastadoras, inundações e o aumento do nível do mar levam miséria a milhões de pessoas todos os dias, questões sobre reparações vêm à tona”, ressalta Harjeet Singh, chefe de estratégia política global da Climate Action Network International, em entrevista ao The Guardian. “Este novo relatório coloca os números na mesa – os poluidores não podem mais esconder seus crimes contra a humanidade e a natureza”.
Fonte: Conexão Planeta.
Foto: André Ribeiro / Agência Petrobras