10 resoluções de Ano Novo para uma vida mais sustentável

As mudanças climáticas muitas vezes parecem um desafio insuperável: todo o planeta deve se afastar dos combustíveis fósseis e repensar como vivemos, comemos e nos locomovemos.

Mas o caminho para zerar as emissões líquidas não é diferente de uma série de resoluções de Ano Novo de toda a humanidade — tentar uma nova forma de fazer as coisas, seguir em frente com a mudança e desbloquear uma permutação diferente e melhor de nós mesmos.

Isso também se aplica em nível individual. Isso porque todos podemos melhorar quando se trata de enfrentar a piora da crise climática — como fazer isso depende apenas do nível de tempo, energia e dinheiro que você está disposto a gastar.

Veja 10 sugestões de por onde começar.
Fale sobre as mudanças climáticas

Classificação: fácil

Uma das coisas mais fáceis que você pode fazer para ajudar a combater as mudanças climáticas é falar sobre isso: na mesa de jantar, no ponto de ônibus, na festa de fim de ano do escritório. “A situação é tão extrema que os sentimentos também serão extremos”, diz Margaret Klein Salamon, psicóloga clínica de formação e diretora executiva do Climate Emergency Fund, que apoia o ativismo disruptivo.

Ela recomenda compartilhar esses sentimentos com familiares, amigos e vizinhos — e lutar contra o impulso de ficar sozinho com sua ansiedade e o luto climáticos.

“O fato de as pessoas não estarem falando a respeito faz parecer que elas não estão preocupadas com isso. ‘Bem, elas estão agindo normalmente, então deve estar tudo bem'”, diz ela.

“A implicação é: apenas levando sua vida normal, você está contribuindo para a negação climática em massa porque as pessoas estão olhando para você e vendo que você acha que as coisas estão normais”.

Inicie um clube do livro sobre o clima

Classificação: fácil

Se você ainda está descobrindo como se sente em relação às mudanças climáticas, ou talvez não saiba o suficiente para sentir algo, um bom primeiro passo é ler sobre isso.

Você pode começar com o livro “The Great Displacement: Climate Change and the Next American Migration” (em tradução literal, “O grande deslocamento: mudança climática e a próxima migração americana”), do repórter do portal Grist, Jake Bittle, que detalha como a grande migração climática da América já começou.

Ou “The Parrot and the Igloo” (em tradução literal, “O papagaio e o iglu”), do escritor e artista residente da Universidade de Nova York, David Lipsky, que percorre a longa história da ciência do clima, a era moderna da negação do clima e muito mais.

Para um livro sobre o clima que é esperançoso, confira “Not too late”, (“Não é tarde demais”, em tradução literal) de uma dupla de ativistas e contadores de histórias, Rebecca Solnit e Thelma Young Lutunatabua. Para um livro divertido e descontraído, experimente “Ice” (“Gelo”, em tradução livre), de Amy Brady, uma exploração do gelo como uma mercadoria quente. E também “Climate Capitalism” (“Capitalismo climático”, em tradução literal), do repórter da agência de notícias Bloomberg Akshat Rathi.

Não troque seu smartphone

Classificação: fácil

Tente ignorar o impulso de comprar um novo telefone, mesmo quando o último modelo para lançado. A Apple está chamando o iPhone 15 de um sucesso em sustentabilidade: sua pegada de carbono diminuiu quase 30% em comparação com uma linha de base definida pela empresa, as embalagens de plástico são limitadas e vários componentes são feitos de materiais 100% reciclados. Mas dados da Apple mostram que 80% das emissões de carbono ao longo da vida útil completa de um iPhone 15 Pro vêm de sua produção, o que significa que por quanto mais tempo os consumidores mantiverem seus dispositivos, mais emissões eles ajudam a evitar.

Comece a compostar

Classificação: moderado

Para elevar seu compromisso em manter os restos de comida fora dos aterros sanitários, considere a compostagem. Existem algumas maneiras diferentes de fazer isso.

Sua cidade ou município pode coletar seu lixo orgânico se tiver um programa em vigor ou você pode levar o lixo para um local de coleta de compostagem. Você também pode tentar fazer compostagem em casa.

Depois de descobrir como vai fazer a compostagem, o próximo passo é aprender o que pode ser compostado (por exemplo, cascas de banana, borra de café, cascas de laranja, cascas de ovos) e o que não pode (por exemplo, metais, embalagens de leite, saquinhos de chá feitos com plástico). Nem todos os programas de compostagem aceitam os mesmos tipos de resíduos de alimentos.

Aprenda a identificar o greenwashing

Classificação: moderado

Consumidores, cuidado: mais do que nunca as empresas estão fazendo alegações duvidosas sobre suas credenciais ambientais para atrair lucro. Essa prática é conhecida como greenwashing e está ganhando cada vez mais escrutínio.

“Se você olhar em várias jurisdições, do Reino Unido à União Europeia aos EUA, até mesmo na Ásia, você tem a clara sensação de que legisladores e reguladores estão fazendo algo a respeito disso e querem ser vistos fazendo algo a respeito disso”, diz Jonathan White, advogado da organização beneficente de direito ambiental ClientEarth.

No Reino Unido, por exemplo, os reguladores estão começando a reprimir anúncios corporativos enganosos sobre o clima.

Aqui estão algumas dicas para evitar ser enganado: seja cético em relação a certos jargões climáticos, como “carbono neutro” e ” CO₂ compensado”. Fique atento a termos vagos, como “faça uma mudança” ou “faça uma escolha mais verde”.

E questione alegações comparativas e superlativas como “50% menos plástico” e “a opção mais verde”. (Pergunte a si mesmo: com o que exatamente eles estão comparando o produto?)

Substitua a carne bovina

Classificação: moderado

Os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de 30% das emissões globais de gases de efeito estufa produzidas pelos seres humanos, e quase 60% delas vêm de produtos de origem animal. Uma grande fonte são os ruminantes, como vacas e cabras, que liberam metano durante seu processo de digestão e estão ligados às emissões por meio do desmatamento, usado para criar tanto eles quanto seus alimentos.

“A carne de ruminantes produz cerca de sete vezes mais emissões e usa cerca de sete vezes mais terra do que frango e porco para consumir a mesma quantidade de proteína”, diz Raychel Santo, pesquisadora de alimentos e clima da ONG World Resources Institute.

“Eles usam cerca de 20 vezes mais terra e produzem cerca de 20 vezes mais emissões do que lentilhas e feijões.”

Isso significa que substituir a carne bovina por outras proteínas animais ou, melhor ainda, por feijões, legumes e outros alimentos de origem vegetal pode ser uma maneira eficaz de reduzir sua própria pegada de emissões.

Seja criativo ao resfriar sua casa

Classificação: moderado

Diante do aumento das temperaturas, o ar-condicionado oferece uma maneira eficaz e popular de se manter fresco. Mas os aparelhos de ar-condicionado também contribuem para a crise climática, adicionando pressão ao fornecimento local de energia, amplificando o efeito das ilhas de calor urbanas e usando elementos refrigerantes, que são gases de efeito estufa potentes.

Em vez de ligar o ar-condicionado sem restrições durante dias e noites quentes, considere uma abordagem mais suave. Exemplos incluem garantir que seu ar-condicionado seja do tamanho certo, evitar cozinhar quando o ar-condicionado estiver ligado e usar termostatos inteligentes para ajudar a controlar quando e como você se mantém fresco.

Para manter sua casa mais fresca por meio de ajustes de design, considere persianas externas (que são mais eficazes do que cortinas ou persianas internas) e plantas trepadeiras para adicionar sombra.

Compre um fogão elétrico

Classificação: desafiador

Se você está procurando fazer reformas climáticas maiores em casa, considere começar pela cozinha. Substituir um fogão a gás por uma alternativa elétrica resolve dois problemas de uma vez: reduz as emissões e a poluição do ar que pode desencadear ou piorar a asma.

Fogões a gás podem liberar essa poluição mesmo quando estão desligados, e famílias com fogões a gás estão rotineiramente expostas a níveis inseguros de poluição do ar, de acordo com um estudo recente na Europa.

Ao contrário dos fogões elétricos convencionais, que podem ser lentos para aquecer e esfriar, os fogões de indução modernos são rápidos, convenientes e até elegantes.

Compre um carro elétrico
Classificação: desafiador

Se você está planejando comprar um carro novo, nunca houve um momento melhor para optar por um carro elétrico. O setor de transporte é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa nos EUA, o que significa que reduzir as emissões envolverá a substituição de carros e caminhões movidos a combustíveis fósseis por alternativas elétricas.

Essa transição já está em andamento: o mercado dos Estados Unidos tem mais de 50 modelos disponíveis, e o Reino Unido tem mais de 70.

Para incentivar a troca de veículos a combustão interna por veículos elétricos, muitos países oferecem incentivos fiscais vinculados à compra de um elétrico. Nos Estados Unidos, também existem programas estaduais que incluem o pagamento aos motoristas que entregarem carros antigos e poluentes.

A China, maior mercado de veículos elétricos do mundo, oferece subsídios aos fabricantes, descontos do governo local e estações de carregamento subsidiadas pelo governo, amplamente acessíveis.

Abandone o carro completamente

Classificação: desafiador

Às vezes, ter um carro próprio pode não ser necessário. Considere utilizar o transporte público, andar de bicicleta, patinete ou até mesmo pegar carona para o trabalho. Algumas empresas até incentivam essa mudança.

Na sede da rede Walmart em Bentonville, no estado americano do Arkansas, por exemplo, a empresa tem a meta de que 10% de seus funcionários utilizem meios de transporte diferentes de um automóvel de ocupação única até 2025.

Em Culdesac Tempe, no Arizona, uma nova comunidade está sendo construída com o objetivo de ser livre de carros. Enquanto isso, empreendedores em Charlotte, na Carolina do Norte, e Houston também estão experimentando projetos que intencionalmente excluem espaço para estacionar.

Fonte: Folha SP.

Foto: Danilo Verpa – 9.ago.2022/Folhapress.