Depois de um mês de setembro com recordes de temperaturas, 2023 será, quase certamente, o ano mais quente já registrado, afirmou nesta sexta-feira (13) uma agência americana.
“Há uma probabilidade maior que 99% de que 2023 seja o ano mais quente já registrado”, afirmou a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês).
A previsão fatídica ocorre semanas antes de líderes mundiais se reunirem em Dubai para a COP28, um encontro durante o qual vão abordar o futuro dos combustíveis fósseis, principais responsáveis pelo aquecimento global.
As altas temperaturas registradas em setembro foram decisivas para essa projeção. O mês foi o mais quente em 174 anos de registros globais, ainda de acordo com a NOAA. A temperatura global em setembro ficou 1,44°C acima da média do século XX, segundo a agência americana. “Setembro de 2023 foi o quarto mês consecutivo com temperaturas recorde”, afirmou a cientista-chefe Sarah Kapnick.
A previsão está alinhada aos estudos do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia. O instituto também anunciou, no dia 4, que 2023 está a caminho de se tornar o mais quente já registrado, com a temperatura média global até o momento 0,52°C acima da média. Na Europa, setembro registrou temperaturas 2,51°C acima da média de 1991-2020, tornando-se o mais quente desde o início dos registros.
O Copernicus também estimou que 2023 provavelmente seria o ano mais quente da história e avaliou que setembro foi quase 1,75°C mais quente que a média para o mês no período pré-industrial, de 1850 a 1900.
“Passamos pelo setembro mais incrível de todos os tempos do ponto de vista climático. É algo difícil de acreditar”, disse na última semana o diretor da instituição, Carlo Buontempo, ao comentar o recorde. “A mudança climática não é algo que acontecerá daqui a dez anos. A mudança climática está aqui.”
Nasa atualiza ‘espiral climática’ com altas temperaturas de setembro
Outros centros de pesquisa chegaram a conclusões semelhantes sobre os impactos históricos do calor. A Nasa atualizou nesta sexta-feira, 13, o gráfico de “espiral climática”, que mostra as anomalias de temperatura mensais desde 1880 e incorporou as médias de setembro na animação.
Os dados reafirmam que o verão de 2023 no hemisfério norte foi o mais quente da Terra desde o início dos registros globais em 1880, de acordo os cientistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS) da Nasa, em Nova York.
Os meses de junho, julho e agosto combinados foram 0,23 graus Celsius mais quentes do que qualquer outro verão no registro da Nasa, e 1,2º C mais quentes do que a média dos verões entre 1951 e 1980.
Pelo Acordo de Paris, o teto de aquecimento do planeta deveria ficar em 1,5°C acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial. Os especialistas consideram que esse limite seja essencial para evitar consequências mais catastróficas da mudança climática, como o desaparecimento de países-ilha.
As mudanças climáticas, explicam os cientistas, combinadas ao surgimento ao fenômeno climático El Niño, que aquece as águas superficiais no oceano Pacífico oriental e central e se mostrou mais acentuado neste ano, tem alimentado as recentes temperaturas recordes.
“É difícil dar uma resposta completa sobre as razões desses acontecimentos, que estão ocorrendo possivelmente pela primeira vez”, afirmou Gavin Schmidt, climatologista e diretor do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, ao jornal The Washigton Post.
Fontes: Folha SP, Estadão.
Foto: Zanone Fraissat – 19.set.23/Folhapress.