Os eventos climáticos extremos estão cada vez mais intensos e frequentes com o agravamento o aquecimento global, causado pela intervenção humana no planeta. Não á toa, o noticiário está repleto de tragédias causadas por secas, tempestades, ondas de calor, incêndios florestais e inundações. O custo é enorme: vidas perdidas, casas destruídas, economias prejudicadas. E quem mais sofre nessa história, é a população mais vulnerável — mulheres, negros, indígenas, periféricos.
Mas afinal, como nós sabemos se um evento do clima realmente aconteceu em razão das mudanças climáticas? Segundo Friederike Otto, cientista do clima e co-líder da iniciativa World Weather Attribution, a reposta não é simples. Ele e outros pesquisadores estão usando uma técnica científica para transformar nossa compreensão de como essa dinâmica se desenrola. E o que eles vêm percebendo é uma relação de causa e consequência.
O método chamado de “atribuição” envolve a análise de observações do mundo real e modelos climáticos para estabelecer se um determinado episódio extremo teria mesmo acontecido em um clima não aquecido. “Sempre teremos condições climáticas extremas, mas se continuarmos seguindo nessa direção, teremos muito clima extremo”, disse Ted Scambos, glaciologista da Universidade do Colorado-Boulder, à BBC.
A seguir, nós listamos 7 catástrofes pelo mundo que provavelmente não teriam acontecido sem as mudanças climáticas causadas pelo homem. Confira! Eventos “impossíveis”
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Onda de calor na Sibéria, 2020
O calor prolongado e sem precedentes atingiu um dos lugares mais frios da Terra, provocando incêndios florestais. As temperaturas na pequena cidade siberiana de Verkhoyansk atingiram 38 graus Celsius, a mais quente já registrada no Ártico. De acordo com o estudo, esse evento teria sido “quase impossível” sem um planeta em aquecimento e a onda de calor tornou-se pelo menos 600 vezes mais provável pela crise climática.
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Seca no hemisfério norte, 2022
Quem lembra da seca extrema em 2022 da América do Norte à Europa e à China? O hemisfério norte experimentou a falta de recursos hídricos, que acabou com plantações e levou a perigosos incêndios florestais. Segundo cientistas, a mudança climática tornou essas condições de seca pelo menos 20 vezes mais prováveis. Já as altas temperaturas teriam sido “impossíveis”, disse a análise. O calor e a seca na Europa mataram pelo menos 15 mil pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde.
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Ondas de calor no sul da Ásia, 2023
Em abril deste ano, países como Vietnã, Mianmar, Laos, Índia e Bangladesh registraram novos recordes de temperatura. Na Tailândia, as temperaturas chegaram a 45 graus Celsius pela primeira vez na história. Segundo o estudo, a onda de calor úmido teria sido “impossível” sem a crise climática e foi pelo menos 30 vezes mais provável.
Eventos muito mais prováveis ou mais severos com a mudança climática
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Incêndios do verão negro na Austrália, 2019-2020
A Austrália experimentou meses de céu vermelho-sangue e fumaça cinza espessa naquele verão e incêndios florestais devastaram muitas partes do país, chegando a causar a morte de 400 pessoas. Segundo o estudo, a mudança climática aumentou pelo menos 30% a chance desse evento acontecer.
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Furacão Ian no oceano Atlântico, 2022
O furacão Ian abalou o Caribe e chegou à Flórida, deixando um rastro de destruição e matando mais de 100 pessoas. Em razão das fortes chuvas, os danos foram ainda maiores e chegaram a custar US$ 65 bilhões. De acordo com cientistas da Stony Brook University e do Lawrence Berkeley National Laboratory, o furacão foi pelo menos 10% mais úmido por causa da mudança climática.
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Inundações no Paquistão, 2022
As chuvas recordes levaram a inundações trágicas no Paquistão, que mataram quase 1.500 pessoas durante o verão. Milhões foram afetados pela falta de água potável e alimentos e um terço do país ficou submerso. Foi o agosto mais chuvoso desde 1961, tanto que o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o povo paquistanês enfrentava “uma monção com esteroides”. Segundo o estudo, a mudança climática tornou as chuvas 50% mais intensas.
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Seca no oeste dos EUA, 2020-2023
Os EUA enfrentou sua pior seca em séculos nos últimos anos, levando a incêndios florestais devastadores e provocando escassez de água. Na Califórnia, o verão de 2021 viu a seca mais extrema já registrada no estado. Um estudo da revista Nature Climate Change mostrou que o período de 2000 a 2021 foi o mais seco que o Ocidente registrou em 1.200 anos e que as mudanças climáticas causadas agravaram essa seca em 72%.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Getty Images.