A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou na última quinta-feira (07) dois relatórios elaborados por grupos de especialistas: um sobre a exploração de petróleo na margem equatorial brasileira e outro sobre a contaminação humana e ambiental por microplásticos.
O estudo Petróleo na Margem Equatorial Brasileira, coordenado por Jailson Bittencourt de Andrade e Alvaro Toubes Prata, reúne 12 especialistas e não defende nem se opõe à exploração, mas aponta que qualquer decisão deve estar amparada por ciência, transparência e salvaguardas ambientais. “Nós não estamos defendendo a exploração na margem equatorial, o que estamos fazendo é mostrar o que pode acontecer numa eventual exploração”, disse Andrade. A presidente da ABC, Helena Bonciani Nader, reforçou: “Estamos trazendo o olhar científico para que o governo e a sociedade tenham embasamento antes de tomar qualquer decisão”.
A margem equatorial, especialmente na foz do Amazonas, possui até 250 km de plataforma continental e reúne ecossistemas sensíveis como a maior faixa contínua de manguezais do mundo e recifes mesofóticos de crescimento lento, além de cadeias pesqueiras estratégicas. O relatório ressalta o papel das correntes marítimas, como a Corrente Norte do Brasil, na dispersão de possíveis vazamentos, e defende modelagem computacional contínua para prever impactos. “São os berçários do ecossistema marinho”, disse Andrade sobre os manguezais amazônicos.
Entre as recomendações estão planos de contingência robustos, monitoramento ambiental contínuo, neutralização das emissões associadas à produção e apoio a comunidades locais, com foco em justiça climática, geração de renda sustentável e resiliência socioambiental. As propostas incluem reflorestamento de áreas degradadas, proteção e restauração de manguezais, transição para transporte de baixa emissão e investimentos em captura e armazenamento de carbono.
Além da análise sobre a exploração de petróleo na margem equatorial, o segundo relatório intitulado “Microplásticos: um problema complexo e urgente” destaca a presença generalizada dessas partículas microscópicas em ambientes aquáticos, terrestres e até no corpo humano, incluindo órgãos vitais e até fetos. O documento alerta para os impactos ainda pouco conhecidos dos microplásticos na saúde e na biodiversidade, ressaltando a necessidade de harmonizar métodos de monitoramento e ampliar a pesquisa científica no Brasil. Também enfatiza a importância de políticas que incentivem a economia circular, a redução do uso de plástico descartável, a inovação em materiais sustentáveis e a educação ambiental desde as escolas. Juntos, os dois relatórios reforçam a urgência de decisões públicas baseadas em ciência, transparência e responsabilidade socioambiental para preservar os ecossistemas e proteger a saúde das populações.
Fonte: ((O))eco.
Foto: Academia Brasileira de Ciências (ABC) l.
Seja o primeiro