Um novo estudo investigou os efeitos da exposição de curto prazo a microplásticos poliestirenos em camundongos geneticamente predispostos à doença de Alzheimer que tinham o gene APOE4. A mutação genética está presente em cerca de 20% da população e traz elevado risco para o desenvolvimento da doença.
O artigo foi publicado na revista Environmental Research Communications em 20 de agosto e foi feito por cientistas da Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos.
Os roedores receberam microplásticos poliestirenos marcados com fluorescência (entre 0,1 e 2 micrômetros de diâmetro) dissolvidos na água por três semanas. Os machos portadores do gene APOE4 passaram a se comportar de forma incomum: ao serem colocados em um ambiente aberto que normalmente causa receio, eles circularam mais livremente pelo centro do espaço, exibindo comportamento mais exploratório e menos cauteloso.
As fêmeas, por sua vez, apresentaram dificuldades de memória — especialmente na tarefa de reconhecer objetos novos em comparação com peças familiares — refletindo déficits cognitivos tipicamente observados na doença de Alzheimer.
O que é o Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença que afeta o funcionamento do cérebro de forma progressiva, prejudicando a memória e outras funções cognitivas.
Ainda não se sabe exatamente o que causa o problema, mas há indícios de que ele esteja ligado à genética.
É o tipo mais comum de demência em pessoas idosas e, segundo o Ministério da Saúde, responde por mais da metade dos casos registrados no Brasil.
O sinal mais comum no início é a perda de memória recente. Com o avanço da doença, surgem outros sintomas mais intensos, como dificuldade para lembrar de fatos antigos, confusão com horários e lugares, irritabilidade, mudanças na fala e na forma de se comunicar.
De acordo com o estudo, as diferenças entre sexos se assemelham aos padrões clínicos observados em humanos: homens com Alzheimer tendem a apresentar apatia ou alterações no comportamento, enquanto mulheres demonstram prejuízos mais pronunciados na memória.
Apesar da presença comprovada de microplásticos no cérebro humano — estima-se que cada pessoa tenha o equivalente a uma colher de plástico — ainda há incertezas quanto às implicações neurológicas no longo prazo.
Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista.
Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce.
Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano.
Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença.
Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns.
A nova pesquisa, porém, aumenta o alerta sobre os efeitos ambientais, sugerindo que os microplásticos podem agravar predisposições genéticas ao Alzheimer e afetar o comportamento e as funções cognitivas.
Os pesquisadores ressaltam que os resultados obtidos em camundongos não podem ser transpostos diretamente para humanos, especialmente sem considerar o fator envelhecimento, que é central na evolução do Alzheimer. Ainda assim, a pesquisa destaca a urgência de reduzir a poluição plástica e aprofundar estudos sobre os impactos dos microplásticos no sistema nervoso.
Fonte: Metropóles.
Foto: Jorg Greuel / Getty Images.
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