Camada de ozônio pode se recuperar totalmente em breve

Você com certeza já ouviu falar da camada de ozônio. Esta é uma região da estratosfera, localizada a cerca de 20 a 35 km de altitude, que atua como um filtro, protegendo a Terra da radiação ultravioleta emitida pelo Sol.

Por décadas, a degradação desta proteção natural foi o principal ponto de preocupação de cientistas.

Agora, dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que a quantidade de ozônio na atmosfera atingiu os níveis mais altos em anos.

O documento foi divulgado na terça-feira (16), Dia Mundial do Ozônio e marco dos 40 anos da Convenção de Viena, evento que reconheceu a redução do ozônio estratosférico como um problema global.

O boletim aponta que o buraco sobre a Antártida foi menor que nos últimos anos e credita a melhora à ação científica e internacional coordenada.

Caso as atuais políticas sejam mantidas, a expectativa é que a recuperação total ocorra até 2066 na Antártida, até 2045 no Ártico e até 2040 no restante do mundo.

Camada de ozônio apresenta melhora consistente

– Segundo o Boletim de Ozônio e Radiação Ultravioleta, publicado anualmente pela agência, o valor médio global da substância em 2024 foi superior ao observado entre 2003 e 2022.

– Sobre o Ártico, as concentrações chegaram a ser entre 55 e 60 unidades Dobson (DU) acima da média, o que representa uma camada cerca de 14% mais espessa do que a registrada no período de 1960 a 2023.

– Com isso, a radiação ultravioleta na superfície do Hemisfério Norte durante o verão teve queda em relação à média histórica de 1960 a 2023.

– Em alguns locais, esse índice chegou a 5%.

– A expectativa é que, mantendo-se as atuais políticas, a camada de ozônio esteja totalmente recuperada por volta de 2040 na maior parte do planeta.

– Na região do Ártico, isso deve acontecer em 2045, enquanto que na Antártida o cenário deve ser verificado apenas em 2066.

Ação global foi fundamental para recuperação

No caso da Antártida, o chamado déficit de massa de ozônio, que calcula quanto da substância deixou de estar presente na atmosfera, foi de 46,1 milhões de toneladas em 29 de setembro de 2024. Apesar de ainda ser considerado alto, o valor ficou abaixo da média registrada entre 1990 e 2020.

Também foi identificada uma recuperação mais rápida após o período de maior perda, o que representa um sinal consistente de melhora.

Desde a adoção da Convenção de Viena e da assinatura do Protocolo de Montreal, o uso de clorofluorocarbonos (CFCs), utilizados principalmente em sprays, equipamentos de refrigeração e em espumas, caiu drasticamente em todo o mundo. Estima-se que cerca de 99% das substâncias nocivas à camada de ozônio tenham sido eliminadas.

O Protocolo de Montreal é um tratado internacional de 1989 que prevê a eliminação da produção e do consumo das substâncias responsáveis pela destruição do ozônio. Segundo a OMM, ele levou à eliminação de mais de 99% das substâncias nocivas, utilizadas em sistemas de refrigeração, ar-condicionado, espumas e até sprays.

A recuperação da camada aos níveis da década de 1980 deve reduzir riscos de câncer de pele, catarata e danos a ecossistemas causados pela radiação ultravioleta.

A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, destacou o papel da ciência no processo.

“A pesquisa científica da OMM sobre a camada de ozônio remonta a décadas. Ela é sustentada pela confiança, colaboração internacional e compromisso com a livre troca de dados — todos pilares do acordo ambiental mais bem-sucedido do mundo”, disse.

“Há quarenta anos, as nações se uniram para dar o primeiro passo na proteção da camada de ozônio — guiadas pela ciência, unidas na ação. A Convenção de Viena e seu Protocolo de Montreal tornaram-se um marco de sucesso multilateral. Hoje, a camada de ozônio está se recuperando. Essa conquista nos lembra que, quando as nações acatam os alertas da ciência, o progresso é possível” – António Guterres, Secretário-Geral das ONU.

Além da redução destas substâncias, os pesquisadores apontam que fatores naturais ajudaram a recuperar a camada de ozônio.

Entre eles estão o El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e que altera o clima global, a fase da Oscilação Quase-Bienal, uma mudança regular dos ventos na alta atmosfera sobre a região do Equador, o aumento da atividade solar nos últimos anos e uma circulação estratosférica mais intensa.

Buraco da Antártida em 2024

Segundo a OMM, a profundidade do buraco na camada de ozônio sobre a Antártida ficou abaixo da média de 1990 a 2020, com déficit máximo de 46,1 milhões de toneladas em 29 de setembro de 2024. Foi menor do que os buracos relativamente grandes entre 2020 e 2023.

Matt Tully, presidente do Grupo Consultivo Científico da OMM sobre Ozônio e Radiação Solar UV, lembrou que o trabalho não está concluído.

“Apesar do grande sucesso do Protocolo de Montreal nas décadas seguintes, este trabalho não está concluído, e ainda há uma necessidade essencial de que o mundo continue monitorando sistematicamente e cuidadosamente tanto o ozônio estratosférico quanto as substâncias que destroem a camada de ozônio e seus substitutos”, disse Tully.

Além do Protocolo de Montreal, a Emenda de Kigali de 2016, ratificada por 164 partes, prevê a redução gradual de hidrofluorcarbonetos, gases de efeito estufa usados como substitutos das substâncias nocivas à camada de ozônio.

A medida pode evitar até 0,5 °C de aquecimento global até o fim do século.

Fontes: Olhar Digital, CNN Fator RRH.

Imagem: Universal History Archive/ Universal Images Group via Getty Images.

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