Demanda por refrigeração de ambientes deve triplicar até 2050, pode reduzir emissões e economizar US$ 43 trilhões até 2050

Com um planeta cada vez mais quente, a demanda por refrigeração de ambientes deve triplicar até 2050, levando ao dobro de emissões de gases-estufa relacionadas à operação dos aparelhos.

A adoção de um resfriamento sustentável*, em meio do aumento das ondas de calor e a procura por resfriamento, poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa e economizar trilhões de dólares, segundo o novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.

O Global Cooling Watch 2025, lançado esta terça-feira na COP30 em Belém, no Brasil, conclui que a procura por resfriamento pode mais do que triplicar até 2050, impulsionada pelo aumento da população e da riqueza, eventos de calor mais extremos e famílias de baixa renda com acesso cada vez maior a resfriamento mais poluente e ineficiente.

O documento indica que o aumento da população e dos extremos de calor fará com que mais famílias de baixa renda tenham acesso a sistemas de refrigeração mais poluentes e ineficientes. A projeção é de que as emissões causadas pelos aparelhos serão de 7,2 bilhões de toneladas de carbono (CO2e) em 2050, mais do que o dobro do registrado em 2022.

Segundo o documento, as emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao resfriamento podem duplicar até 2050 com este aumento de demanda, chegando a 7,2 bilhões de toneladas de CO2e até 2050. Serão mais ar condicionados e outros sistemas de refrigeração ligados.

Por isso, o documento propõe um Caminho para o Resfriamento Sustentável, de forma reduzir 64% das emissões de resfriamento até 2050, proteger 3 bilhões de pessoas do aumento do calor e economizar até US$ 43 trilhões em eletricidade e custos de infraestrutura.

Emissões podem ser reduzidas

O aumento da procura por resfriamento quase duplicaria as emissões de gases com efeito de estufa em relação aos níveis de 2022 – elevando as emissões do resfriamento para cerca de 7,2 bilhões de toneladas de CO2e até 2050 – apesar dos esforços para melhorar a eficiência energética e reduzir a sobrecarga nas redes elétricas.

O relatório sugere a adoção de um “Caminho para o Resfriamento Sustentável”, que poderia reduzir as emissões em 64% abaixo dos níveis previstos para 2050. Quando combinadas com a rápida descarbonização do setor energético global, as emissões residuais de resfriamento podem cair 97% abaixo dos níveis habituais.

A diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, afirma que o acesso ao resfriamento deve ser tratado como uma “infraestrutura essencial”, juntamente com a água, energia e o saneamento.

Espaços verdes e prédios resilientes

O Caminho para o Resfriamento Sustentável pode proporcionar acesso a resfriamento ou refrigeração de espaços, edifícios resilientes e espaços verdes urbanos para todos, sem agravar a crise climática. A proposta combina estratégias de resfriamento passivo, híbrido e de baixo consumo energético.

Se adotado, o Caminho poderia economizar US$ 17 trilhões em custos energéticos acumulados até 2050 e evitar até US$ 26 trilhões em investimentos na rede elétrica. Também seria essencial para melhorar o acesso ao resfriamento para mais três bilhões de pessoas.

Mutirão contra o calor extremo

Essas medidas sustentam a implementação do Mutirão Contra o Calor Extremo – Beat the Heat ou Vença o Calor – um esforço coletivo liderado pela presidência brasileira da COP30 e pela Cool Coalition do PNUMA – para situar o Compromisso Global pelo Resfriamento e preencher lacunas nas políticas, financiamento e entrega de resiliência ao calor e resfriamento urbano.

Mais de 185 cidades, do Rio de Janeiro a Jacarta e a Nairóbi, e 83 parceiros aderiram ao Mutirão, juntamente com os 72 signatários do Compromisso Global pelo Resfriamento.

Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, a Beat the Heat é “uma daquelas iniciativas que mostra que o mutirão funciona” e que as pessoas precisam de se unir.

Progresso existe, mas de forma desigual

Cerca de 72 nações aderiram ao Compromisso Global pelo Resfriamento para reduzir as emissões relacionadas ao resfriamento até 2050. Em meados de 2025, 29 países haviam estabelecido metas específicas de redução de gases de efeito estufa para o setor de refrigeração, com outros cinco desenvolvendo tais metas.

No total, 134 países incorporaram o resfriamento nas suas Contribuições Nacionalmente Determinadas, NDC, Planos Nacionais de Adaptação, planos energéticos ou outras estratégias climáticas nacionais.

No entanto, apenas 54 países têm políticas abrangentes nas três áreas prioritárias para o resfriamento: resfriamento passivo nos códigos de energia dos edifícios, padrões mínimos de desempenho energético e transição de refrigerantes. Outros 78 países cobrem dois desses pilares, 40 cobrem apenas um e 20 ainda não começaram.

Resfriamento como bem público

O relatório emite uma série de recomendações para aumentar a ação, incluindo a mudança do modo de resposta de emergência para uma governança proativa e multinível sobre calor extremo e resfriamento.

A proteção contra o calor e o resfriamento devem ser tratados como um bem público e devem ser priorizadas soluções passivas e baseadas na natureza para reduzir as cargas de resfriamento, mitigar o efeito de ilha de calor urbana e reduzir o estresse na rede elétrica.

Segundo a última atualização do relatório ‘Estado do Clima’, da Organização Meteorológica Mundial, feita no dia 6 de novembro, os últimos 11 anos (2015 – 2025) são os mais quentes já registrados, com cada ano superando os recordes de temperatura anteriores. A temperatura média global para o período de janeiro a agosto de 2025 foi de 1,42 °C ‡ 0,12 °C acima dos níveis pré-industriais, o que evidencia a aceleração das mudanças climáticas.

Fontes: ONU News, Fontes: Folha SP, ((O))eco.

Foto: Agência Brasil/Paulo Pint.

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