“A era dos combustíveis fósseis está acabando”, afirma secretário-geral da ONU

Em 2024, a energia solar fotovoltaica (FV) custou, em média, 41% menos do que as alternativas de combustíveis fósseis de menor custo, e, os projetos eólicos terrestres, 53% menos. No mesmo período, 91% dos novos projetos de energia renovável comissionados foram mais econômicos do que quaisquer novas alternativas de petróleo, gás e carvão. Os dados constam no relatório Custos de Geração de Energia Renovável, elaborado pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês) e divulgado na terça-feira (22/07).

Diante desse cenário, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou hoje que a era dos combustíveis está chegando ao fim. “Ao longo da história, a energia moldou o destino da humanidade – desde o domínio do fogo, passando pelo aproveitamento do vapor, até a divisão do átomo. Agora, estamos à beira de uma nova era. Os combustíveis fósseis estão acabando. O sol está nascendo em uma era de energia limpa”, disse ele.

Guterres acrescentou em sua fala que o futuro da energia limpa não é mais uma promessa, e sim um fato.

“Nenhum governo. Nenhuma indústria. Nenhum interesse especial pode detê-lo. É claro que o lobby de algumas empresas de combustíveis fósseis tentará – e sabemos até onde eles irão. Mas nunca estive tão confiante de que eles falharão, porque já passamos do ponto sem retorno”.

Contudo, salientou que a transição ainda não é rápida nem justa o suficiente, mas “com a capacidade de produção acelerada, os preços despencando e a COP30 se aproximando rapidamente” este é o momento de oportunidade.

Para aproveitá-lo, ele complementou que é preciso atuar em seis áreas: usando novos planos climáticos nacionais para fazer toda a diferença na transição energética; construindo os sistemas energéticos do século XXI; atendendo à crescente demanda energética mundial de forma sustentável; fazendo uma transição energética justa; usando o comércio e o investimento para impulsionar a transição energética, e liberando toda a paraça das finanças e direcionando investimentos para mercados com enorme potencial.

“Precisamos de uma nova abordagem ao risco que reflita: a promessa de energia limpa, o custo crescente do caos climático e o perigo de ativos de combustíveis fósseis abandonados”, declarou.

E finalizou: “A era dos combustíveis fósseis está fracassando e fracassando. Estamos no alvorecer de uma nova era energética. Uma era em que energia barata, limpa e abundante alimenta um mundo rico em oportunidades econômicas. Onde as nações têm a segurança da autonomia energética e o dom do poder é um presente para todos. Esse mundo está ao nosso alcance. Mas isso não vai acontecer sozinho. Depende de nós. Temos as ferramentas para impulsionar o futuro da humanidade. Vamos aproveitá-los ao máximo”.

Países devem ficar alertas

A fala recente de Guterres, conforme relatado pelo The Guardian, marcou uma mudança de tom. Nos últimos anos, ele tem alertado de forma cada vez mais severa sobre a crise climática, mas, agora, adotou um tom notavelmente mais otimista, com foco nos benefícios econômicos de uma mudança para energia limpa.

Bill Hare, diretor executivo do think tank Climate Analytics, observou ao jornal britânico que investidores e governos devem ficar atentos: “Qualquer investimento em novos combustíveis fósseis agora é uma aposta arriscada, enquanto entrar na corrida pelas energias renováveis só pode trazer benefícios – não apenas empregos e energia mais barata, mas também independência energética e acesso onde ela é mais necessária”.

Ainda de acordo com ele, regiões em desenvolvimento, como a África têm enormes necessidades de acesso à energia e recursos renováveis ainda maiores. “O que elas precisam agora é de financiamento internacional para participar da revolução das energias renováveis”, salientou.

Kaysie Brown, diretora associada do think tank E3G, aproveitou o momento para pedir aos países que apresentem planos climáticos nacionais robustos antes da COP30, que acontecerá no Brasil, em novembro.

“O mundo agora tem tanto as soluções técnicas quanto o imperativo econômico para acelerar a transição para energia limpa – uma transição essencial para a estabilidade global e a prosperidade compartilhada”, afirmou. “Mas desbloquear essa oportunidade exige liderança ousada e cooperação mais profunda”, finalizou.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Images.

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