Esta semana foram divulgados os resultados da primeira licitação de energia renovável do estado de Nova Gales do Sul (NSW), o mais populoso da Austrália, dando início a uma série de leilões que serão realizados na próxima década, à medida que o estado faz a sua transição energética e se distancia do poluente carvão. A AEMO Services, que organizou a licitação, estima que os novos projetos evitarão a emissão de até 11 milhões de toneladas de dióxido de carbono nos próximos 20 anos.
“Esta licitação mostrou quanta demanda existe para investir em NSW para construir energia renovável e é muito bem-vindo que esse investimento também apoie 3.300 empregos nos próximos 10 anos”, disse o ministro da energia de NSW, Penny Sharpe, ao The Guardian.
Nos EUA, a eletricidade gerada a partir de fontes renováveis de energia ultrapassou o carvão pela primeira vez em 2022, segundo dados divulgados recentemente pelo governo norte-americano. Esse aumento foi impulsionado pelo avanço das fontes solar e eólica, que juntas contribuíram com cerca de 14% da eletricidade produzida nos EUA, seguidas pela energia hidrelétrica, que contribuiu com 6%, e pelas fontes de biomassa e geotérmica, que geraram cerca de 1%. Já o carvão representou 20 % da geração elétrica no ano passado.
Para Gregory Wetstone, presidente e CEO do Conselho Norte-americano de Energia Renovável, esse crescimento acelerado é impulsionado em grande parte pela economia. “Na última década, o custo nivelado da energia eólica caiu 70%, enquanto o custo nivelado da energia solar caiu ainda mais impressionantes 90%. A energia renovável é agora a fonte mais acessível de nova eletricidade em grande parte do país”, disse Wetstone em entrevista à AP.
Especialistas como Melissa Lott, diretora de pesquisa do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia, acreditam que a Lei de Redução da Inflação (IRA), que entrou em vigor no ano passado nos EUA, influenciou a quantidade de projetos de energia renovável que entraram em operação em 2022. E a expectativa agora é de um impacto crescente na aceleração de projetos de energia limpa nos próximos anos.
Para 2023, a projeção é que a participação eólica no mix de geração de eletricidade dos EUA aumente de 11% para 12% e que a energia solar cresça de 4% para 5%. A participação do gás natural deverá permanecer em 39% e o carvão deve cair de 20% para 17%.“Eólica e solar serão a espinha dorsal do crescimento das energias renováveis, mas se elas podem ou não fornecer 100% da eletricidade dos EUA sem backup é algo que os engenheiros estão debatendo”, afirma Stephen Porder, professor de ecologia e reitor assistente de sustentabilidade na Brown University.
À medida que aumenta a proporção de renováveis na rede elétrica norte-americana, muitas decisões precisam ser tomadas, diz o especialista. As redes existentes hoje foram construídas para fornecer energia a partir de uma fonte considerada consistente, ou seja, que funciona sem interrupções, o que é compatível com fontes poluidoras como carvão e térmicas a gás natural.
Já as energias renováveis como a solar e a eólica geram energia de forma intermitente, pois dependem do sol e do vento para funcionar. Portanto, instrumentos como o armazenamento por bateria e a transmissão de longa distância serão cada vez mais necessários para ajudar a enfrentar esses desafios, diz Porder.
Fonte: Um Só Planeta.
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