A precariedade da política de resíduos sólidos

O Brasil gerou 85,2 milhões de toneladas de lixo em 2022 – o suficiente para dar 7,6 voltas no planeta se enfileirado em volume semelhante a carros populares.

Mesmo em São Paulo, o estado que melhor aplica as leis de gestão de resíduos sólidos, o problema é grave.

Uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) revelou precariedade na gestão dos resíduos no estado. Servidores que percorreram 267 municípios descobriram que muitas cidades não implementaram processos de educação ambiental, coleta seletiva e não possuem licenças ambientais adequadas para seus aterros sanitários.

Além disso, um em cada cinco municípios visitados ainda polui seus rios com esgoto.

A disposição irregular de lixo, a falta de projetos de recuperação de áreas contaminadas e a poluição dos corpos d’água afetam a qualidade da água, solo, aquíferos e na cadeia alimentar.

Outro sintoma da poluição difusa causada pelo lixo urbano é a presença generalizada de plásticos, que se degradam em microplásticos e espalham substâncias tóxicas. A implementação de um modelo de logística reversa e economia circular, que depende da responsabilidade do setor produtivo, também é insatisfatória.

A falta de planejamento, gestão, fiscalização e controle social, bem como a insuficiência de ação fiscalizadora da Cetesb, contribuem para a situação. Mas não só. A sociedade de consumo e os hábitos dos consumidores desempenham um papel importante nessa questão, e a transição para um comportamento mais sustentável depende de uma conscientização sobre o consumo e uma mudança de mentalidade.

É fundamental que haja um engajamento individual e coletivo na redução do volume de lixo, além de investimentos em novos materiais e adequação dos processos de produção. A implementação adequada da Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos e a conscientização são fundamentais para avançarmos de fato em direção à sustentabilidade.

Fonte: Carta Para o Futuro.

Foto: Divulgação.