A NASA revelou nesta quarta-feira (11) as primeiras imagens das amostras do asteroide Bennu coletadas pela missão OSIRIS-REx. Essa é a primeira vez que a agência consegue trazer para a Terra pedaços de uma rocha espacial.
A divulgação ocorreu durante uma live transmitida diretamente do Johnson Space Center da NASA em Houston. Os estudos iniciais da amostra do asteróide Bennu, de 4,5 bilhões de anos, coletada no espaço e trazida à Terra mostram evidências de água e alto teor de carbono, que juntos podem indicar que os blocos de construção da vida na Terra podem ser encontrados na rocha.
“A amostra OSIRIS-REx é a maior amostra de asteroide rica em carbono já entregue à Terra e ajudará os cientistas a investigar as origens da vida no nosso planeta nas próximas gerações”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson. “Quase tudo o que fazemos na NASA procura responder a questões sobre quem somos e de onde viemos. Missões da NASA como a OSIRIS-REx irão melhorar a nossa compreensão dos asteróides que podem ameaçar a Terra, ao mesmo tempo que nos dão uma ideia do que está além. A amostra regressou à Terra, mas ainda há muita ciência por vir – ciência como nunca vimos antes.”
Embora seja necessário mais trabalho para compreender a natureza dos compostos de carbono encontrados, a descoberta inicial é um bom presságio para análises futuras da amostra do asteroide. Segundo a NASA, durante dois anos, do fim de 2023 a 2025, a amostra será catalogada e analisada. Pelo menos 75% do conteúdo será preservado no Centro Espacial Johnson (JSC), em Houston, para pesquisas futuras.
Uma linha de estudo, por exemplo, vai se concentrar em compostos orgânicos, como o carbono. Os cientistas acreditam que asteroides ricos desse elemento, como Bennu, podem ter ajudado a vida a se estabelecer na Terra, entregando orgânicos por meio de impactos.
Missão OSIRIS-REx
A espaçonave foi lançada da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida, em setembro de 2016, no topo de um foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA), iniciando uma viagem de dois anos até o asteroide Bennu, de 525 metros de largura. Depois de chegar ao destino, em agosto de 2018, ela passou mais dois anos observando a superfície da rocha espacial.
Quando essa pesquisa foi concluída, OSIRIS-REx se aproximou o suficiente do asteroide para coletar material. Em 2021, com os fragmentos de Bennu armazenados em uma cápsula de retorno de amostras, a sonda acionou seu sistema de propulsão e iniciou uma jornada de 1,9 bilhão de quilômetros de volta para a Terra.
No último dia 23, após sete anos de missão, percorrendo um total de 6,2 bilhões de quilômetros (entre ida, sondagem e volta), a espaçonave lançou a cápsula na órbita do planeta, a 101 km de altitude, e seguiu viagem rumo a outro asteroide. Este momento foi captado por diversos observatórios ao redor do mundo, inclusive no Brasil – como o Observatório SONEAR, localizado em Serra da Piedade/MG, que pertence ao astrônomo amador Cristóvão Jacques (clique aqui para assistir ao registro).
Com o auxílio de paraquedas, o pacote pousou às no oeste dos EUA, na região desértica ao redor do Campo de Teste e Treinamento Militar de Utah, com todo o processo sendo transmitido ao vivo pela internet, nas plataformas digitais da NASA. “E a equipe pode respirar aliviada”, disse um comentarista da live. Ele também reforçou algumas vezes que a quantidade exata será anunciada dentro de poucos dias (mais precisamente na terça-feira, 26) – com a estimativa em torno de 250 g.
A cápsula OSIRIS-REx atingiu velocidades de até 43.450 km/h e seu escudo térmico experimentou temperaturas de até 2.900ºC ao atravessar a atmosfera da Terra – levando aproximadamente 13 minutos para chegar ao solo.
Asteroide Bennu
Asteroides como Bennu foram formados há cerca de 4,5 bilhões de anos, na época em que os planetas do Sistema Solar estavam surgindo. “As rochas carbonáceas que compõem o Bennu, preservam amostras da nuvem de poeira que deu origem ao Sistema Solar”, disse Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e colunista do Olhar Digital. “Isso significa que estudar o material de asteroides como este, pode ajudar a revelar o estado e a composição da matéria ao redor do Sol ‘bebê’, e até mesmo ajudar a explicar as origens da vida aqui na Terra”.
Fonte: Olhar Digital, Veja.
Imagem: NASA