Antártida está se elevando e os efeitos podem ser catastróficos

A perda de gelo da Antártida, segundo análises científicas, está fazendo com que o continente gelado suba em relação ao oceano, “flutuando” na viscosidade do manto da Terra — e, a depender da velocidade das mudanças climáticas, isso pode ser uma péssima notícia, mas também pode ser positiva.

Chamado ajuste pós-glacial, o processo pode impactar no aumento do nível dos mares, mas, caso o aquecimento global seja freado, pode reduzir a contribuição antártica em até 40%. A descoberta, feita por cientistas de várias universidades e publicada na revista Science Advances, estudou dados sísmicos para revelar que o manto terrestre está bastante “macio” em algumas áreas sob as plataformas de gelo.

O processo está causando uma subida continental muito mais rápida do que se esperava, ou seja, um processo de milhares de anos acontecendo em apenas algumas décadas. Modelos tridimensionais foram usados para simular o aumento no nível dos mares de acordo com a mudança na massa terrestre do continente antártico, revelando como cada cenário pode mudar o planeta.

Subida do continente e dos mares

Segundo os cientistas, caso o aquecimento global se mantenha em níveis baixos, a Antártida poderá contribuir em cerca de 1,7 metros no nível do mar até 2500, mas, caso as emissões continuem subindo, o cenário pode mudar para 19,5 metros. Isso ocorre porque, caso o recuo das plataformas de gelo seja mais rápido que a subida oceânica, mais água acaba indo para os mares.

Do contrário, se conseguirmos reduzir as emissões, a subida do continente poderá deixar o gelo da Antártida mais longe do calor das águas oceânicas, o mantendo gelado por mais tempo.

As mudanças nas previsões também estão relacionadas ao formato irregular da Terra — como não é uma esfera perfeita, e sim um geoide, cada local do planeta experimentará o aumento no nível dos mares de maneira diferente graças a diferenças gravitacionais, rotacionais e geológicas.

Ainda há algumas deficiências no modelo, admitem os cientistas, especialmente por conta da falta de dados sísmicos do oeste antártico, e pelo fato de não estarem incluídos dados sobre o gelo da Groenlândia e das montanhas com picos gelados pelo mundo.

Os cientistas estão deixando claro que o tempo está correndo contra a gente. As ações para reduzir o aquecimento global são mais urgentes do que nunca. O futuro da Antártida e do nível do mar depende das escolhas que fizermos agora. O que deveria ser um processo natural e lento está se tornando mais uma prova de que as mudanças climáticas estão alterando nosso planeta de maneira que ninguém esperava – e essas mudanças podem ter consequências graves para todos nós.

Fonte: Canaltech, Science Advances, Olhar Digital, Click Petróleo e Gás.

Foto: Getty Images.