A Fairr Initiative, que reúne uma rede de investidores globais com US$ 75 trilhões de ativos sob gestão desses grupos, divulgou documento conjunto nesta terça-feira, 3, no qual propõe sete medidas para enfrentar a crise de resistência antimicrobiana no mundo. O documento é encabeçado pela Ação dos Investidores sobre Resistência Antimicrobiana (IAAMR, na sigla em inglês), da qual a Fairr faz parte, além da Fundação Access to Medicine e o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido.
A ampla aplicação de antibióticos como promotores de crescimento na pecuária no mundo, sobretudo em frangos, bovinos e suínos, além do uso indiscriminado desses medicamentos em humanos, tem gerado apreensão quanto aos riscos à saúde humana e animal, pela possibilidade de acelerar o processo de surgimento de bactérias resistentes aos medicamentos atualmente disponíveis. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Fairr comenta que cerca de 80% dos antibióticos sejam administrados ao gado e não às pessoas.
Conforme a nota divulgada nesta terça, a resistência antimicrobiana já é reconhecida como “um risco sistêmico semelhante ao da covid-19 e à crise financeira de 2008”. Ainda de acordo com a Fairr, a resistência antimicrobiana, “reconhecida como uma das principais ameaças à saúde e à economia globais, matou mais pessoas do que a Aids e a malária em 2019 e, além disso, o tratamento ligado a este problema pode levar a perdas de produtividade entre US$ 412 bilhões e US$ 443 bilhões por ano, até 2035”, alerta a Fairr, na nota. Além disso, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 700 mil pessoas morrem por ano em decorrência do problema.
Diante dessa realidade, a Ação dos Investidores sobre Resistência Antimicrobiana elaborou o documento com as sete sugestões, que será encaminhado aos líderes globais, durante a segunda Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU sobre resistência antimicrobiana, que ocorrerá em 26 de setembro, em Nova York, nos Estados Unidos.
As sete medidas compelem os tomadores de decisões políticas globais a apoiarem a criação de um painel independente sobre o tema; a apoiar o desenvolvimento de um quadro internacional para a resistência antimicrobiana; a comprometerem-se com a redução do uso de antibióticos na agricultura e na pecuária; a adotarem iniciativas legislativas para estabelecer valores máximos de resíduos para antibióticos em águas residuais; a seguirem apoiando o estabelecimento de um sistema global integrado de vigilância da resistência antimicrobiana e da utilização de antibióticos; a seguirem promovendo a investigação e o desenvolvimento de novos antimicrobianos e alternativas a esses medicamentos, e finalmente, a abordarem a falta de acesso global equitativo a novos e antimicrobianos existentes e alternativas e eles.
Fontes: Estadão, Tribuna do Norte.
Foto: Arquivo TN.