A aquicultura é o termo dado à criação de animais aquáticos para alimentação. É o setor de produção de alimentos que mais cresce no mundo. O mercado global de aquicultura está crescendo cerca de 5% ao ano e deve valer quase US$ 245 bilhões até 2027. Cerca de 580 espécies aquáticas são cultivadas em todo o mundo.
A crescente demanda dos seres humanos por recursos naturais é responsável pela elaboração de métodos que visam suprir essa procura. A aquicultura é justamente uma dessas técnicas, já que seu objetivo é fornecer uma fonte renovável de organismos aquáticos.
Podemos dizer então que a aquicultura consiste na ciência que estuda e desenvolve técnicas de cultivo e reprodução de organismos aquáticos, tais como peixes, moluscos, algas, crustáceos, entre outros.
Para termos ideia da dimensão da aquicultura, basta ver que dos 160 milhões de toneladas de produtos de origem marinha consumidos hoje, anualmente, cerca de 50% vem da aquicultura – a tendência é que, inclusive, essa porcentagem aumente.
Apesar de esse cultivo ser realizado em condições adequadas, sem retirar da natureza espécies, com controle de iluminação e temperatura da água, sem dúvida se trata de uma técnica invasiva ao meio ambiente. Afinal, pelo fato de a aquicultura ter como objetivo garantir produtos para o consumo com maior controle e regularidade, por conseguinte utiliza uma técnica de grandes proporções que, invariavelmente, afeta os ecossistemas onde é inserida.
Os principais impactos ambientais oriundos da aquicultura são os conflitos com o uso dos corpos d’água, a sedimentação, a obstrução dos fluxos de água, a hiper nitrificação, a eutrofização, a descarga dos efluentes de viveiros e a poluição por resíduos químicos empregados nas fases ao longo do cultivo.
Além dos problemas já citados, podemos destacar ainda a introdução e escape de animais exóticos, a introdução de organismos patogênicos, alteração da biodiversidade e, por fim, a modificação da paisagem. Todos esses impactos da aquicultura no meio ambiente acabam gerando problemas nos ecossistemas, comprometendo o equilíbrio ecológico e diversas espécies.
A produção de peixes em tanques é uma prática antiga, presumivelmente desenvolvida pelos primeiros agricultores como um dos muitos sistemas de produção primária destinados a garantir o abastecimento alimentar. As referências mais antigas sobre essa prática datam de aproximadamente 4.000 anos atrás, na China, e 3.500 anos atrás, na Mesopotâmia. Na China Antiga, durante a dinastia Han Oriental (25 a 250 D.C.), foi documentada a produção combinada de arroz e peixe. No Egito Antigo também existia a prática de criação de tilápias em cativeiro. A piscicultura também foi praticada pelos antigos romanos da época imperial, que mais tarde se tornou parte do sistema de produção de alimentos dos Mosteiros Cristãos da Europa Central.
Em 2018, 97 milhões de toneladas (Mt) de peixes, crustáceos e moluscos foram capturados no mundo. Por meio do cultivo, foram produzidos 82 Mt. Portanto, a produção total de animais aquáticos foi de 179 Mt. Desse montante, 22 Mt foram usados para produzir farinha e óleo de peixe, sendo 157 Mt para consumo humano.
O consumo global de pescado cresceu no último meio século 3,1% ao ano, quase o dobro da população (1,6%). Em média, cada ser humano consumiu 20,5 kg de peixe em 2018, mais que o dobro do que consumia em 1961 (9 kg). Isso é afirmado no relatório semestral da FAO referente à situação dos recursos aquícolas mundiais. A aquicultura forneceu 46% da produção total, mas se olharmos apenas para o consumo humano, sua contribuição chegou a 52%.
Antes da década de 1980, a grande maioria da produção aquícola era de origem marinha, e embora os mares ainda sejam os principais fornecedores de pescado, as águas interiores ganham cada vez mais importância devido, precisamente, ao contributo da aquicultura.
A aquicultura mundial atinge um novo máximo histórico com 82,1 milhões de toneladas em 2018, embora tenha crescido apenas 3,2%
O consumo de pescado está crescendo em países que progridem e o crescimento da demanda global é atendido, sobretudo, com recursos da aquicultura, pois os estoques da maioria das espécies estão no limite.
Apenas uma gestão dos recursos naturais baseada no conhecimento da biologia e dinâmica das populações pode permitir a sua sustentabilidade a médio e longo prazo e será necessário continuar investindo em conhecimento para atender à crescente demanda da humanidade por pescado por meio da aquicultura, minimizando o impacto ambiental dessas atividades.
Fontes: FAO, Embrapa, SCielo, Máfia do Mergulho,Engepesca