Com base nas informações da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, produzida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês), foi divulgado na revista Science, um estudo indicando as “Áreas Protegidas Mais Insubstituíveis do Mundo” c om o objetivo de fortalecer proteção de espécies a longo prazo Ao todo, foram consideradas 78 localidades, em 137 espaços de preservação, espalhadas por 34 países, e quatro destes pontos estão Brasil.
Para executar a formulação da tabela, cientistas de instituições internacionais trabalharam em conjunto, analisando cada uma das mais de 173 mil áreas de conservação ambiental do planeta e aproximadamente 21,5 mil espécies. Para justificar a escolha, os pesquisadores indicam que, juntos, os 78 espaços apontados pelo estudo abrigam 627 espécies de pássaros, mamíferos e anfíbios e, deste total, 304 tipos de animais correm perigo real de extinção. A maioria das áreas citadas estão em regiões de floresta tropical, especialmente em montanhas e ilhas.
Há casos em que as áreas protegem espécies que não podem ser encontradas em nenhum outro lugar, como o pato Laysan (Anas laysanensis) – endêmico do Refúgio Nacional de Animais Selvagens das Ilhas Havaianas, nos Estados Unidos, e categorizado como “criticamente em perigo”, na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Também servem de exemplo, pelo menos, treze espécies de anfíbios que são restritas ao Parque Nacional Canaima, na Venezuela.
Entre os 10 lugares mais insubstituíveis, quatro estão no Brasil: Alto do Rio Negro, Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Vale do Javari, entre os 6º e 9º lugares. Os cinco primeiros são, respectivamente, Parque Nacional Kakadu, Baía Shark, Trópicos Úmidos de Queensland (todos na Austrália), Apolobamba e Carrasco (ambos na Bolívia). Em décimo está o Monte Camarões, vulcão na costa oeste da África.
Além de apontar as áreas protegidas mais críticas para a proteção animal, o estudo dá conselhos práticos para que suas gestões sejam fortalecidas, como o de ter como primeira consideração o monitoramento da espécie de qual a área tem a maior responsabilidade de proteger.
Os 10 lugares mais insubstituíveis:
– Parque Nacional Kakadu (Austrália)
– Shark Bay (Austrália)
– Trópicos Úmidos de Queensland (Austrália)
– Apolobamba (Bolívia)
– Carrasco (Bolívia)
– Alto Rio Negro (Brasil)
– Serra do Mar (Brasil)
– Serra da Mantiqueira (Brasil)
– Vale do Javari (Brasil)
– Monte Camarões (Camarões)
O estudo foi publicado na última edição da “Science” e é baseado na análise de dados de 173 mil áreas protegidas terrestres e de 21.500 espécies que estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Algumas das áreas citadas já são designadas como de “excepcional valor universal” pela Convenção do Patrimônio Mundial da UNESCO, como as Ilhas Galápagos no Equador, o Parque Nacional Manú no Peru e os Gates Ocidentais da Índia.
No entanto, metade da terra coberta por essas áreas não tem reconhecimento do Patrimônio Mundial, o que de acordo com os pesquisadores poderia fortalecer a proteção de espécies únicas nessas áreas. É o caso do Parque Nacional das Montanhas Udzungwa, na Tanzânia, o pântano de Zapata, em Cuba, e o Parque Natural Sierra Nevada de Santa Marta, na Colômbia (considerado pelo estudo o lugar mais insubstituível do mundo para as espécies ameaçadas).
A coleta e análise de dados foram feitas por especialistas da IUCN, do Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva (CEFE) na França, do Centro Mundial de Monitoramento (UNEP-WCMC), e da BirdLife International.
Fontes: Science, Ciclo Vivo, G1, Oikos, Pensamento Verde.