Asfalto borracha: entenda como o descarte de pneus velhos pode ser solução para problema antigo

No Cidades e Soluções deste domingo, André Trigueiro voltou ao mesmo local de uma reportagem que fez em 2007: o maior centro de recepção de pneus velhos do Rio de Janeiro. Dezesseis anos depois, o local no bairro da Penha continua funcionando a todo vapor e dando uma destinação sustentável para o que muitos ainda consideram lixo.

Em média são coletados no Brasil, por ano, 342 mil toneladas de pneus velhos ou carcaças. Com isso, pode-se processar o material para produzir asfalto borracha ou criar materiais para a indústria cimenteira.

“Um ponto importante de destinação, que está em torno de 5% a 10%, é o asfalto borracha, que agrega muito mais valor. A cimenteira usa majoritariamente o pneu triturado, já o pó de asfalto que é utilizado no asfalto borracha. E é um material que é mais barato que o asfalto normal. Isso traria diminuição dos custo para o poder público e para as empresas que operam as rodovias no Brasil.”, conta o presidente da Reciclanip, Klaus Curt Müller.

Reciclagem de pneus no Brasil:

O Brasil é o 7º produtor mundial na categoria de pneus automotivos e o 5º em pneus para caminhões e ônibus;

A Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), representa 11 empresas e 20 fábricas de pneus no Brasi;

A Anip coleta pneus em mais de 1.400 municípios brasileiros;

O trabalho de logística reversa da Reciclanip foi reconhecido pela Unesco e recebeu o Prêmio Fiesp de ação de sustentabilidade.

Asfalto borracha na prática

Em março de 2023, a avenida Voluntários da Pátria, no Centro de Porto Alegre, foi coberta com asfalto borracha em uma das pistas.

Marcos Felipi Garcia, secretário de serviços urbanos de Porto Alegre, explica que foi feita uma experiência usando tipos de asfaltos diferentes nas pistas da via.

“Usamos o asfalto borracha e o asfalto polímero para que a gente medisse ao longo do tempo o desempenho desses dois asfaltos”, conta.

Hoje mais de 20 ruas na cidade já receberam o asfalto borracha e, de acordo com o secretário, a qualidade e elasticidade do material impede a abertura de trincas e buracos. “O custo-benefício dele acabou sendo vantajoso”, diz.

O engenheiro de Pesquisa e Desenvolvimento da Greca Asfaltos, Wander Omena, explica como é a composição do asfalto borracha. “É composto por 95% de pedras e 5% de asfalto borracha. Dentro desse asfalto borracha, tem 15% de pó de borracha”, destaca.

De acordo com o professor José Leomar Fernandes Júnior, do Departamento de Engenharia de Transporte da USP de São Carlos, o que se procura na qualidade de um asfalto é justamente a durabilidade e o poder de não se deformar com o peso dos veículos.

“A pesquisa procura fazer com que, além do benefício ambiental, não haja comprometimento da qualidade. Pelo contrário, ocorra melhoria. Procuramos produtos que levem a um enrijecimento, quando a principal preocupação são as deformações, e também produtos que incorporados ao asfalto deem flexibilidade para combater as trincas”, conta.

Fonte: G1.

Foto: Pixabay.