Calor extremo causou 70 mil mortes na Europa em 2022, recalcula estudo

Um novo estudo feito pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), na Espanha, revisou dados de um levantamento sobre mortes de calor em 2022. O primeiro artigo, publicado na revista Nature Medicine em julho de 2023, indicava que 62.862 pessoas faleceram devido a temperaturas altas. Contudo, a nova investigação indica que, na verdade, foram mais de 70 mil mortes.

No estudo anterior, a equipe utilizou modelos epidemiológicos aplicados a dados semanais de temperatura e mortalidade em 823 regiões de 35 países europeus. Entretanto, a equipe voltou atrás e reconheceu que seria melhor utilizar séries cronológicas diárias para estimar com precisão a quantidade de mortos.

Publicado na terça-feira (21) no periódico The Lancet Regional Health – Europe, o novo estudo se baseou em registros diários de temperaturas e mortalidade de 147 regiões em 16 países europeus, o que representa uma população de mais de 400 milhões de pessoas. Além disso, usou dados agregados, como séries temporais semanais e mensais de temperatura e mortalidade.

Com a nova abordagem metodológica, ficou claro para os autores que o estudo antigo subestimou a mortalidade relacionada com o calor em 10,28%. Isso significa que a carga real de mortalidade relacionada com o calor em 2022, estimada a partir do modelo de dados diários, foi de 70.066 mortes, e não 62.862 mortes conforme estimado inicialmente.

Para saber quanto os dados semanais se aproximavam da quantidade real de óbitos, os pesquisadores consideraram dados diários e semanais de mortes durante o período 1998 a 2004. O modelo diário estimou uma mortalidade anual relacionada com o frio e o calor de 290.104 e 39.434 mortes prematuras, respectivamente, enquanto o modelo semanal subestimou esses números em 8,56% e 21,56%, respectivamente.

“É importante notar que as diferenças foram muito pequenas durante períodos de frio e calor extremos, como o verão de 2003, quando a subestimação pelo modelo de dados semanais foi de apenas 4,62%”, explica em nota Joan Ballester Claramunt, investigadora do ISGlobal que lidera o projeto EARLY-ADAPT do Conselho Europeu de Pesquisa .

“Em geral, não encontramos modelos baseados em dados agregados mensais úteis para estimar os efeitos de curto prazo das temperaturas ambientes”, explica Ballester. “No entanto, os modelos baseados em dados semanais oferecem precisão suficiente nas estimativas de mortalidade para serem úteis na prática em tempo real da vigilância epidemiológica e informar políticas públicas como, por exemplo, a ativação de planos de emergência para reduzir o impacto das ondas de calor e períodos de frio.”

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Savvas Kalimeris/Unsplash.