Seis carcaças de tubarão-branco apareceram numa praia da África do Sul com um detalhe muito peculiar: todos estavam sem o fígado, o qual havia sido extraído de forma muito precisa. Quem teria feito isto?
Um ano depois os pesquisadores da Fundação Dyer Island Conservation Trust chegaram àquela que pode ser a resposta: foram outras gigantes do Oceano, as orcas, capazes de alcançar os nove metros de comprimento e pesar até duas toneladas . As informações são da agência BBC.
Um das biólogas marinhas da fundação sul-africana, Alison Towner, citou que houve uma precisão “quase cirúrgica”. As orcas teriam se organizado em grupo de tal maneira que conseguiram desarmar os fortes oponentes (um deles pesava 1,1 tonelada e media 5 metros), e com mordidas certeiras extraíram apenas o fígado.
Os cientistas também ficaram intrigados com a maneira seletiva com que os cetáceos atacaram a presa: em casos antes registrados, os animais também atacavam a carne do animal.
A seletividade também não é tão incomum: quando caçam baleias, orcas muitas vezes matam filhotes e comem apenas a língua. Uma possível explicação é que alguns órgãos têm concentrações maiores de nutrientes e fornecem, assim, bem mais energia do que o resto da carne – ou seja, esse tipo de alimentação seletiva seria uma forma de conservação de energia.
“O fígado de um tubarão-branco pode pesar cerca de 90 kg, é um órgão enorme, mas as orcas o extraíram com grande precisão”, explica Alison.
“O fígado de tubarões-brancos contém o nutriente esqualeno, mas não sabemos se as orcas comeram os outros órgãos ou se eles simplesmente vieram junto com o fígado no ataque”, admite a bióloga.
De acordo com os pesquisadores, já é de conhecimento científico que a espécie possui grande habilidade com os lábios, mas poucos podiam imaginar que seria tão eficiente diante de um poderoso tubarão-branco.
O porquê de terem comido apenas o órgão e não o restante da presa ainda não foi totalmente esclarecido, mas especula-se que seja pela vasta quantidade de nutrientes presentes.
A suspeita recaiu sobre as orcas porque enquanto havia registros de que estavam na região de Gansbaai, no sul da África do Sul, não havia mais tubarões. E assim que elas passaram a caçar em outras áreas, os tubarões voltaram. Este, inclusive, é um comportamento típico dos tubarões-brancos.
Por enquanto, o que se sabe é que as orcas conseguiram afetar até a indústria do turismo em Western Cape. Empresas que promovem passeios de observação de tubarões relatam que diversas viagens terminaram sem que um único animal fosse avistado.
Fontes: Revista Pesca & Companhia, BBC News.
Foto: Marine Dynamics / Dyer Island Conservation Trust..
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