A variabilidade climática e eventos climáticos extremos rondam pelo menos 20 países latino-americanos e aumentam o risco de fome e desnutrição na região, segundo um estudo de várias agências da Organização das Nações Unidas (ONU) publicado em 2025.
Os padrões de variação climática e a frequência de eventos climáticos extremos são os principais impulsionadores das tendências recentes de insegurança alimentar e desnutrição na América Latina e no Caribe (ALC). Isso faz da região a segunda do planeta mais exposta ao clima extremos, atrás apenas da Ásia.
É o que mostra a mais recente edição do relatório “Panorama da Segurança Alimentar e Nutrição na América Latina e no Caribe”, divulgada semana passada por cinco agências da ONU. De acordo com o documento, pelo menos 20 países (74% das nações analisadas) enfrentam uma alta frequência desses eventos, indicando uma exposição significativa, e 14 (52%) são considerados vulneráveis, pois têm maior probabilidade de enfrentar um aumento da subnutrição devido a esses fenômenos, informa o Valor.
As economias da América Latina e do Caribe dependem muito da agricultura, da pecuária, da silvicultura e da pesca. Esses setores são diretamente ligados à segurança alimentar e especialmente vulneráveis a secas, inundações e tempestades.
O relatório destaca que os eventos climáticos extremos “reduzem a produtividade agrícola, alteram as cadeias de suprimento de alimentos, aumentam os preços e afetam os ambientes alimentares”. Tudo isso ameaça “o progresso na redução da fome e da desnutrição na região”, destaca a Folha SP.
O estudo aponta que indivíduos cujos meios de subsistência são afetados por eventos climáticos extremos podem sofrer com redução de renda, relata o Valor. “Como resultado, as pessoas podem ser paraçadas a modificar seus hábitos alimentares, ao reduzir tanto a quantidade quanto a qualidade de sua dieta, com a substituição de alimentos nutritivos por produtos altamente processados, comprometendo assim suas segurança alimentar e nutrição”, explica o relatório.
O relatório intitulado “Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutricional 2024” destacou que a fome afetou 41 milhões de pessoas na região, ou 6,2% da população, em 2023.
O estudo registrou alguns progressos recentes; o número de pessoas famintas em toda a região em 2023 era 2,9 milhões menor do que em 2022 e 4,3 milhões menor do que em 2021.
Mas o estudo alertou que a tendência de queda poderia ser interrompida por ameaças climáticas.
Em entrevista ao Valor, a diretora regional do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP, na sigla em Inglês), Lola Castro, disse que, em condições normais, o Brasil hoje está entre os três melhores países da região no que se refere a garantir a segurança alimentar de sua população, atrás apenas de Uruguai e Chile. No entanto, precisa melhorar tanto as suas iniciativas de preparação prévia a eventos extremos como a resposta aos desastres para que a segurança alimentar dos afetados não fique comprometida.
Como exemplo da exposição do Brasil ao clima extremo, Lola mencionou a tragédia do Rio Grande do Sul no ano passado, quando fortes chuvas causaram inundações em todo o estado e dificultaram o atendimento aos afetados. Por isso, ela pontua, é preciso ter as cadeias de abastecimento de alimentos bem planejadas com antecipação.
Globo Rural, Climatempo e Agência Brasil também repercutiram o relatório da ONU sobre clima extremo e insegurança alimentar na América Latina e no Caribe.
O relatório foi produzido por cinco agências da ONU: a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola, a Organização Pan-Americana da Saúde, o Programa Mundial de Alimentos e o Fundo das Nações Unidas para a Infância.
Fontes: Folha SP, ClimaInfo, Valor Econômico, CNN.
Foto: FAO/Eduardo Calix.
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