O plástico é um dos piores poluidores da atualidade. No entanto, um pequeno verme e sua saliva podem acabar oferecendo uma solução para lidar com esse problema.
Pesquisadores espanhóis afirmam ter descoberto substâncias químicas no lodo da minhoca que quebram o polietileno, um material forte e durável.
Os pesquisadores afirmam que uma hora de exposição à saliva degrada o plástico tanto quanto anos ao ar livre.
Os cientistas esperam que esse avanço leve a novas abordagens naturais para combater a poluição plástica.
Uma solução natural
Pesquisadores descobriram duas enzimas no lodo da minhoca que podem degradar o polietileno à temperatura ambiente e acreditam que esta é a primeira vez que um agente tão eficaz foi encontrado na natureza.
O lixo plástico é um problema sério em todo o planeta e até agora nenhuma solução foi encontrada para lidar de forma eficiente com esse tipo de poluição.
Dos polos às profundezas dos oceanos, o plástico é um grande problema de poluição em todo o mundo.
Embora os esforços para reduzir, reciclar e reutilizar o plástico estejam avançando lentamente, há poucas opções quando se trata do polietileno (PE) muito forte.
Este material é uma das formas de plástico mais utilizado, representando cerca de 30% da produção e é utilizado para uma vasta gama de materiais, incluindo itens duráveis como tubos, pisos e garrafas, mas também sacos e recipientes para alimentos.
Este plástico é denso e se decompõe muito lentamente na natureza, pois é muito resistente ao oxigênio.
A maioria das tentativas de degradá-lo requer que o PE seja pré-tratado com calor ou luz ultravioleta para incorporar oxigênio no polímero.
Especialistas falam
A descoberta de que a saliva dos vermes poderia quebrar o plástico foi feita pela equipe espanhola em 2017, mas neste novo estudo eles descobriram que os elementos-chave são as enzimas.
O lixo plástico pode levar anos até que a natureza seja capaz de decompô-lo e, enquanto isso coloca a flora e a fauna em risco.
Em seu trabalho, eles mostram que o polímero pode ser degradado uma hora após o plástico ser exposto à saliva das larvas.
“O que pensamos é que as enzimas são capazes de realizar uma versão acelerada do intemperismo do polietileno”, disse o Dr. Clemente Arias, coautor do estudo e membro do Conselho Superior de Pesquisa Científica da Espanha.
“O que descobrimos foi que as enzimas sozinhas podem oxidar o plástico, o que é um processo muito demorado no meio ambiente”, disse ele à BBC.
Inimigos das abelhas
Pesquisadores estudam a saliva de larvas de mariposa de cera, comumente conhecidas como vermes de cera, há anos.
Essas criaturas são uma praga que ataca e destrói colmeias de abelhas. Eles também são populares entre os pescadores como isca e como fonte de alimento para répteis.
Os pesquisadores afirmam que a capacidade destrutiva das larvas quando se trata de cera de abelha pode explicar sua capacidade de degradar o PE.
Os cientistas acreditam que o que descobriram até agora fornece uma abordagem alternativa promissora para a degradação biológica e pode levar a novas soluções.
“Prevemos que esse novo conhecimento possa ser aplicado a grandes instalações de gerenciamento de resíduos plásticos”, explicou a Dra. Federica Bertocchini, coautora do artigo.
Mais estudos
Os pesquisadores admitiram que ainda haja muitas perguntas sem resposta, inclusive se a saliva age no polímero ou nos aditivos usados para reforçar esse tipo de plástico.
Os cientistas espanhóis que fizeram a descoberta consideram que mais pesquisas devem ser realizadas para determinar o real potencial da saliva dos vermes contra o plástico.
“Também queremos saber por que um verme humilde tem essas enzimas incríveis, qual é o uso delas em suas vidas diárias”, acrescentou Arias.
Os cientistas disseram que querem realizar experimentos maiores.
“O campo da biodegradação está focado em bactérias e fungos, especialmente bactérias, e na busca de enzimas. Agora temos algumas enzimas que funcionam, então a ideia é tentar”, disse Bertocchini.
Fonte: BBC.
Foto: Getty Images.