A mesma durabilidade, leveza e resistência que fazem do plástico um material tão utilizado pela indústria e por diversos setores é também o que torna a poluição causada por ele a segunda maior ameaça ambiental ao planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Itens de plástico podem durar séculos, mas muitos são utilizados por apenas alguns minutos e descartados.
Todo o ciclo de produção do plástico é problemático: mais de 99% de seus componentes derivam da indústria de combustíveis fósseis. Apesar disso, mais plástico foi produzido na década anterior do que em todo o século passado. E a projeção é de que a sua produção quadruplique até 2050. Por outro lado, apenas 9% de todo o material produzido no mundo entre 1950 e 2017 foi reciclado.
Mesmo cientes de tudo isso, ficamos surpresos quando lemos que o microplástico já foi encontrado nas regiões mais remotas do planeta, no ar, nos alimentos e até mesmo no leite, na placenta e no sangue, além de órgãos vitais humanos, como pulmão e coração.
O problema é global, mas o Brasil é o maior produtor do material na América Latina e, portanto, tem uma considerável parcela de responsabilidade. Enquanto outros países já possuem regulamentações que limitam o uso de plástico, por aqui, ainda produzimos 500 bilhões de itens de plástico descartáveis todos os anos.
É muito lixo! Segundo a Oceana, organização internacional que se dedica à proteção dos oceanos e da biodiversidade marinha, os brasileiros despejam, todos os anos, mais de 325 milhões de quilos de plástico no mar, o que tem afetado ecossistemas inteiros e impactado mais de 800 espécies de mamíferos, aves marinhas, peixes e tartarugas. A estimativa é que um a cada 10 animais que ingere plástico morre.
Unidas pela urgência de combater essa catástrofe, 78 organizações estão engajadas na campanha Pare o Tsunami de Plástico que pede a aprovação do Projeto de Lei do Oceano Sem Plástico (PL 2524/2022). Já em tramitação no Senado Federal, o PL oferece soluções factíveis para esse problema.
A proposta é que o Brasil implemente uma Economia Circular do Plástico, em que todo material produzido deverá ser reutilizável, reciclável ou compostável. Assim, todo o plástico descartado volta ao sistema e não vira mais lixo. No site da campanha, as pessoas podem assinar uma petição apoiando o projeto. Já foram coletadas mais de 30 mil assinaturas. A ideia é mostrar para os tomadores de decisão que tem muita gente preocupada com o assunto e pressionar os parlamentares para que o projeto seja aprovado e vire lei.
Como parte das estratégias da campanha, a Oceana, pediu para a inteligência artificial mostrar como seriam os oceanos no futuro, caso a produção de plástico não diminua drasticamente em breve. As imagens, postadas nas redes sociais da organização, são trágicas e, no fim das contas, a provocação é o fato de que elas não foram geradas artificialmente, são imagens da nossa realidade atual. J
á é possível encontrar, no meio do oceano, ilhas de plástico maiores que países. Não temos mais tempo, e é por isso que é urgente entrarmos na onda pela aprovação do PL do Oceano Sem Plástico. Ou vamos morrer afogados em plástico.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Getty Images.