Como um terremoto causa um tsunami? E por que essas ondas demoram para chegar à costa?

O fundo do mar tremeu forte na madrugada desta quarta-feira (30) no extremo leste da Rússia. E, em poucos minutos, os sistemas de monitoramento sísmico globais soaram o alerta: tsunamis podiam estar a caminho das costas do Japão, Estados Unidos, Chile e Equador. O abalo de magnitude 8,8 felizmente não causou grandes danos, mas o episódio reforçou a preocupação sobre o poder dessas ondas gigantes, que podem viajar por oceanos inteiros e destruir cidades em questão de horas.

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), a formação de um tsunami está relacionada não apenas à magnitude de um terremoto, mas também à sua localização, profundidade e tipo de movimento da falha geológica. Para que um terremoto gere um tsunami significativo, ele precisa ocorrer sob o oceano, ser superficial (a menos de 50 km de profundidade) e causar um deslocamento vertical.

Esse “empuxo” abrupto desloca a água sobre a região afetada, criando um desequilíbrio que desencadeia ondas que se propagam em todas as direções. Abalos desse tipo, caracterizados pelo movimento vertical de uma placa tectônica sob a outra, são os mais eficientes em gerar tsunamis. O USGS estabelece uma escala aproximada de risco:

Escala de risco de formação de tsunamis a partir da magnitude dos terremotos

Abaixo de 6,5        Raramente geram tsunamis

Entre 6,5 e 7,5       Podem causar pequenas alterações no nível do mar próximas ao epicentro

Entre 7,6 e 7,8       Têm potencial para gerar tsunamis destrutivos localmente

Acima de 7,9          Podem provocar tsunamis devastadores, inclusive a grandes distâncias

Fonte: USGS

Como destaca o UOL, o tremor na Rússia ocorreu em uma zona de subducção no Pacífico Norte. Ali é relativamente comum que ocorra o afundamento da Placa do Pacífico sob a Placa Norte-Americana e, por isso, a região é conhecida por concentra os terremotos mais fortes e de principais riscos de tsunami do mundo.

Não à toa, com um sismo de magnitude 8,8, o abalo recente entrou para a lista de terremotos mais poderosos já registrados. De acordo com o jornal O Globo, a ocorrência figura entre o 6° e o 8° lugar do ranking, “empatada” com um tremor de 1906 entre o Equador e Colômbia, o qual deixou entre 500 e 1.500 mortos, e um evento sísmico de 2010 no Chile, que matou 523 e deixou outros 12 mil feridos.

Caminho da onda de destruição

Um tsunami não é uma onda comum. Ele mobiliza toda a coluna de água, desde o fundo oceânico até a superfície. Conforme explicado pelo Grupo de Trabalho sobre Tsunami na Costa de Redwood (RCTWG), essa característica faz com que sua velocidade dependa da profundidade do oceano.

Em mar aberto, onde a profundidade pode ultrapassar os 5 mil metros, um tsunami pode se mover a mais de 800 km/h, semelhante à velocidade de um avião a jato. Apesar dessa velocidade impressionante, as ondas em alto-mar têm altura muito pequena, geralmente menos de um metro, e passam despercebidas por embarcações.

Somente ao se aproximar da costa, onde o fundo do mar se torna raso, ocorre o fenômeno conhecido como “shoaling”. Nele, a velocidade da onda diminui, sua altura aumenta e sua energia se concentra, podendo formar paredes de água com 10, 20 ou até 30 metros de altura, dependendo da topografia submarina e da costa.

Mesmo com sua velocidade extrema no oceano profundo, um tsunami pode levar horas para atingir a costa, pois isso depende da distância do epicentro, da profundidade e da geografia do leito marinho. E vale ainda lembrar que o tsunami não chega em uma única onda. Ele vem em várias sequências, com intervalos que podem durar de minutos a mais de uma hora.

A primeira onda nem sempre é a maior. De acordo com o RCTWG, essa irregularidade torna o fenômeno ainda mais perigoso, já que as pessoas podem pensar que os riscos passaram e retornar às áreas de risco antes da chegada de ondas ainda mais destrutivas.

O fenômeno também pode enganar ao recuar a água do mar de forma súbita, o que ocorre em cerca de 50% dos tsunamis. Esse recuo pode expor o fundo do mar por centenas de metros e, segundos ou minutos depois, a onda se ergue e avança sobre a costa.

Fonte: Revista  Galileu.

Foto: Getty Images. – Tsunami.

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