Descubra como reciclar eletrodomésticos, revestimentos e colchões

Plástico, papel, metal e vidro. Quando falamos de resíduos comuns, parte dos brasileiros tem como apoio a coleta seletiva. Mesmo neste cenário, a realidade é que apenas 4% da população separou seus itens recicláveis em 2022, segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). A questão da reciclagem fica ainda mais complicada quando tratamos de eletrodomésticos, móveis e revestimentos.

Durante uma reforma, construção ou mudança de casa, não raro, o morador se vê diante de uma pilha de entulhos. Colchões antigos, televisores obsoletos, sobras de piso… Todos estes materiais prontos para serem descartados, mas sem uma destinação correta, acabam ficando a cargo da criatividade, de iniciativas privadas ou do “quartinho da bagunça”.

Abaixo, reunimos algumas opções para quem busca uma solução mais sustentável e ecologicamente correta!

Eletrodomésticos

Se ainda há quem faça o descarte incorreto de pilhas e pequenos eletrônicos, imagine só de um grande eletrodoméstico. O projeto Descarte Ecológico, da Brastemp, oferece a coleta de eletrodomésticos que não tem mais utilidade no local escolhido pelo consumidor e dá um destino correto ao produto. Este serviço está disponível para todo o estado de São Paulo, pode ser usado para eletrodomésticos de qualquer marca e não está atrelado à compra de um novo produto.

“Sabemos que dar destino a um eletrodoméstico que não tem mais uso nem sempre é tarefa fácil. Com esse serviço, trazemos uma solução de coleta, sem trabalho ao consumidor, e garantimos que tanto as partes que podem ser recicladas, quanto as que não podem ser mais reaproveitadas, tenham a destinação correta”, comenta Patricia Pessoa, diretora de marketing da Whirlpool. A reciclabilidade de alguns produtos pode chegar a 80% de seus componentes.

A Samsung também acaba de expandir seu programa de descarte sustentável: o Eco Troca1. Lançado em 2023, visa incentivar o descarte correto de aparelhos eletrodomésticos e eletrônicos, dando ao consumidor a possibilidade de trocar seu equipamento – de qualquer marca e em qualquer condição – por um cupom de desconto na compra de um novo produto.

Na primeira fase, o programa aceitava apenas geladeiras, máquinas de lavar, ar-condicionado e televisões, fornecendo vouchers de desconto de até 5 mil reais dependendo do produto. Agora, também aceita lava-louças e monitores. Os descontos são de até R$ 700 para lava-louças e de até R$ 1.200 para os monitores.

Revestimentos

O descarte de revestimentos é um grande problema na construção civil, de forma que a logística reversa também se faz necessária para garantir uma economia circular. Desde 2018, a Tarkett coordena o programa ReStart, que recolhe sobras e recortes de pisos vinílicos da marca para o reaproveitamento na fabricação de novos produtos. Somente em 2022, foram coletadas cerca de 30 toneladas.

Para uma atuação nacional, a ReStart conta com o apoio das revendas autorizadas, responsáveis pelo recolhimento das sobras não contaminadas com adesivo ou contrapiso após o término da instalação. “A revenda está mais próxima da obra porque, na maioria das vezes, é a própria responsável pela instalação do piso. Essa proximidade com o cliente final é um ponto estratégico para o sucesso do ReStart”, avalia Vanessa Costa, gestora do programa.

O Brasil também conta com a maior Central de Reciclagem de Madeira da América Latina. Trata-se de um programa de reciclagem da Eucatex, que visa aproveitar resíduos da construção civil, e também de paletes, caixas, tábuas, painéis de madeira, galhos e troncos. O recolhimento deste material é feito em caçambas próprias em um raio de 100 km de Salto, no interior de São Paulo.

Os resíduos de madeira são reaproveitados como biomassa para geração de energia, que alimenta as prensas e o desfibrador das linhas de produção. No programa, são reaproveitados mais de 100 mil toneladas de resíduos de madeira por ano nas caldeiras, contribuindo para a preservação de mais de 1 milhão de árvores, que deixam de ser cortadas, e para a economia de cerca de 15 milhões de litros de água ao ano.

Colchões

Certamente, você já viu algum colchão descartado na calçada ou em terrenos baldios, um procedimento incorreto e sujeito à multa. Mas a complexidade de sua estrutura ainda causa dúvidas quanto à reciclagem. Um colchão comum é composto, em sua maioria, por espuma de poliuretano. Além disso, pode conter molas e tecidos em TNT.

Em São Paulo, é possível descartar um colchão usado em um dos 102 Ecopontos disponíveis, listados no site da prefeitura. Caso ele se encontre em boas condições, será doado para instituições carentes, caso não, será transformado em enchimento de almofadas. Outra opção é contratar uma empresa especializada no Descarte ecológico de colchões.

Recentemente, um projeto europeu de pesquisa, PUReSmart, fruto de uma parceria entre a Covestro e a Recticel, conseguiu demonstrar que as duas principais substâncias usadas na espuma flexível de poliuretano para colchões podem ser recuperadas de forma química.

Pela primeira vez, uma amostra de colchão foi desenvolvida a partir de poliol e diisocianato de tolueno (TDI), totalmente reciclados. A partir dessa tecnologia, podemos esperar por mais alternativas para a reciclagem de colchões nos próximos anos.

Fontes: Um Só Planeta, Casa & Jardim.

Foto: Pexels.