Nos últimos quatro anos, o Brasil perdeu 66 mil quilómetros quadrados de cobertura vegetal. Em 2022, o país devastou em média diária perto de 56 quilómetros quadrados de florestas.
A desflorestação no Brasil no ano passado atingiu 20.576 quilómetros quadrados de vegetação, uma área 22,3% superior à destruída em 2021 e equivalente ao território de um país como Israel, segundo estudo divulgado pela plataforma científica MapBiomas nesta segunda-feira.
O Brasil devastou em média 56,4 quilómetros quadrados de florestas, savanas ou flora campestre todos os dias no ano passado, segundo o MapBiomas, rede que reúne ONG, universidades e empresas de tecnologia para analisar o uso da terra com a ajuda de imagens de satélite.
O Relatório Anual de Desflorestamento 2022 do MapBiomas inclui a devastação em todo o território brasileiro a partir da análise dos 76.193 pontos onde os satélites emitiram alertas para o desaparecimento da cobertura vegetal em todos os ecossistemas do país, incluindo a Amazónia, o Cerrado e o Pantanal.
Segundo o MapBiomas, nos últimos quatro anos, desde que começou a publicar relatórios anuais sobre a desflorestação, o Brasil perdeu cerca de 66 mil quilómetros quadrados de cobertura vegetal, uma área do tamanho de um país como a Lituânia ou o Sri Lanka. O gigante latino-americano já havia perdido 16.824 quilómetros quadrados em 2021, uma área 20% maior que a destruída em 2020.
A maior devastação do ano passado no Brasil foi registrada na Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, com a destruição de 11.926 quilómetros quadrados, 58% de toda a vegetação destruída no país. Segundo cálculos do MapBiomas, a Amazónia brasileira perdeu em média 21 árvores a cada segundo no ano passado.
Entre os ecossistemas que mais perderam cobertura vegetal em 2022 estão o Cerrado, com 6.597 quilómetros quadrados desflorestados (32,1% do total) e a Caatinga (zona semiárida do Nordeste), com 1.406 quilómetros quadrados (6,8%).
Na Mata Atlântica, ecossistema mais devastado do país e que já perdeu 71% da sua cobertura vegetal, outros 100 Km² foram destruídos no ano passado (1,5% do total). A Mata Atlântica, porém, foi o único ecossistema onde a desflorestação diminuiu no ano passado, enquanto os outros cinco registaram um aumento, incluindo o Pantanal e o Pampa.
O estudo MapBiomas concluiu que as áreas mais afetadas pela desflorestação no ano passado foram aquelas cobertas por vegetação de mata (64,9% do total), seguidas por vegetação do Cerrado (31,3%) e vegetação campestre (3,6%).
A investigação científica também concluiu que as áreas mais preservadas, por outro lado, são aquelas ocupadas por terras indígenas, onde o desmatamento foi equivalente a 1,4% da área destruída no ano passado no país.
A extração de madeira para abrir espaço para a agricultura foi responsável por 95,7% de todo a desflorestação registada no ano passado no Brasil, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo e líder global em produtos como carne e soja.
Fonte: O Observador.
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