Em 22 de setembro celebra-se o Dia Mundial Sem Carro. Na data, cidades, organizações e ativistas promoveram ações de conscientização sobre o efeito de um número exagerado de carros nas ruas, e os benefícios de usar modos alternativos de transporte.
O movimento foi criado em 1997, quando ativistas franceses criaram a iniciativa em nível local, e logo mais cidades foram contagiadas. Foi em 2000 que a União Europeia instituiu, em 22 de setembro, a Jornada Internacional “Na Cidade, sem meu Carro”, que deu impulso internacional definitivo ao que ficou conhecido como Dia Mundial Sem Carro. Em alguns lugares, a ação foi expandida para toda uma Semana da Mobilidade
“Os dias sem carros são uma oportunidade para as cidades destacarem como as estradas congestionadas podem ser utilizadas de diferentes maneiras. Desde corridas de veículos movidos a energia alternativa em Budapeste, a passeios a cavalo em São Paulo, a piqueniques de rua em Viena, a corridas em Jacarta, as cidades e as pessoas que nelas vivem estão sublinhando as alternativas aos veículos poluentes neste dia importante”, aponta o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sobre a iniciativa.
Motivos para aderir
Mas afinal, por que promover um dia sem o uso de carros? O motivo mais fácil de notar é o ambiental: Ao reduzir a utilização de automóveis por um dia, podemos diminuir os níveis de poluição atmosférica, reduzir as emissões de gases do efeito estufa e contribuir para um planeta mais saudável.
Uma pesquisa do PNUMA de 2020 aponta que o setor de transporte é responsável por quase um quarto das emissões globais de gases do efeito estufa relacionadas à energia. As emissões dos veículos são uma fonte significativa de partículas finas e óxidos de nitrogênio, as principais causas da poluição do ar urbano. Segundo a diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, “limpar a frota global de veículos é uma prioridade para atender às metas globais e locais de qualidade do ar e clima.”
Claro, apenas um dia com menos carros nas ruas não fará grande diferença. Mas a ideia é justamente usar a data para gerar conscientização e fazer com que mais pessoas deixam os carros na garagem por mais dias.
Outro motivo importante é a redução do trânsito nas ruas. Já parou para pensar que, nos grandes engarrafamentos nas cidades, geralmente há apenas uma pessoa por veículo? Porém, envoltas por uma tonelada de metal, elas ocupam o espaço de muito mais gente. O rodízio de carros, praticado em cidades como São Paulo, não dá conta de evitar filas quilométricas de carros parados.
Cidades como Los Angeles, que foram construídas baseadas no transporte individual por carro, perceberam o tamanho do problema. Por isso o poder público de lá iniciou um programa piloto oferecendo aos residentes US$ 150 por mês para passagens públicas de ônibus, trem e aluguel de bicicletas e patinetes elétricos. Por aqui, também foram criadas iniciativas para o aluguel desses veículos mais leves, que, mesmo não atingindo as grandes velocidades dos carros, podem ser mais úteis em te levar por um caminho que tenha grandes engarrafamentos.
Ligada a essa questão, também há o incentivo ao transporte coletivo. Afinal, se deixaremos os carros em casa, é pelos meios coletivos que provavelmente vamos nos locomover. Nem sempre é confortável fazer essa opção, mas é direito do cidadão reivindicar melhorias e mais investimentos nesses meios de transporte pelas autoridades. E, para a surpresa de muitos, cortar o trânsito pelo metrô pode tornar seu deslocamento mais tranquilo, a depender da rota.
Também há o incentivo à atividade física: Deixando o carro em casa, andamos um pouco mais, pedalamos, nos exercitamos e colaboramos com nossa saúde. Além da melhoria individual, esse comportamento, se expandido para um grande número de pessoas, contribuirá para tirar a pressão sobre o sistema de saúde e reduzir as taxas de obesidade e outros problemas.
Por fim, ao deixarmos de lado o transporte individual enclausurado, exercemos nosso senso de comunidade de forma mais efetiva. Vemos de forma mais clara que o bom funcionamento da sociedade (não apenas do transporte) depende do comprometimento de todos, interagimos com mais pessoas e somos induzidos a ter mais empatia.
Como aderir
Não é difícil aderir ao Dia Mundial Sem Carro. O primeiro passo é guardar as chaves do veículo e ficar longe delas por pelo menos 24 horas. A partir daí, há algumas opções:
Use o transporte coletivo: verifique quais são as opções de ônibus, trem ou metrô para os seus deslocamentos na sua cidade, e planeje uma rota nos meios coletivos;
Vá de bike: se a distância não para tão grande, pedale! Se não tiver a sua bicicleta, veja se há algum projeto de aluguel delas atuante na sua cidade. Só tome cuidado com o calor intenso: tente fazer os deslocamentos ao ar livre nos horários de menor incidência solar.
Pegue ou ofereça caronas: uma forma de usar o carro de forma produtiva é ter dentro dele mais pessoas que, de outra forma, estariam com seus próprios veículos nas ruas. Então, planeje uma ida ao trabalho com colegas em um só carro – vocês ainda terão mais tempo para interagir e se aproximar;
Espalhe a iniciativa: seja qual para a forma de deslocamento escolhida, é importante tentar conscientizar mais pessoas a respeito. Chame mais pessoas para participar.
Por fim: se gostar de passar um dia do ano dessa forma experimente fazer o dia mensal sem carro. Ou, quem sabe, da semana?
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Murillo de Paula no Unsplash