Dois planetas anões do Sistema Solar podem abrigar oceanos subterrâneos

Pesquisadores do Southwesr Research Institute, nos Estados Unidos, encontraram evidências de que os planetas anões gelados Éris e Makemake podem manter oceanos de água líquida em seus interiores. Os resultados foram divulgados em um artigo publicado na revista Icarus no último dia 14 de fevereiro.

A descoberta, feita a partir de observações no Telescópio Espacial James Webb (JWST) da Nasa, surpreendeu a equipe, que acreditava que, por conta de sua grande distância do Sol, os astros anões eram corpos frios e sem atividade hidrotermal.

Localizados no Cinturão de Kuiper, região marcada pela presença de corpos gelados para além da órbita de Netuno, na borda do sistema solar, os planetas anões são comparáveis em tamanho a Plutão.

Éris está atualmente a 14,4 bilhões de km de distância do Sol, enquanto Makemake está a 7,7 bilhões de km. Por conta de suas distâncias, informações sobre as superfícies e atmosferas desses pequenos planetas são difíceis de conseguir. Porém, a partir de observações feitas pelo James Webb, os pesquisadores puderam observar a atividade do metano-gelo congelado em suas superfícies.

“Nossos dados sugerem temperaturas elevadas nos núcleos rochosos desses mundos para que o metano possa ser produzido”, conta Christopher Glein, geoquímico planetário do Southwest Research Institute, em comunicado. “O nitrogênio molecular também poderia ser produzido, e nós o vemos em Éris.”

As atividades descritas por Glein são chamadas de reações hidrotermais ou metamórficas, que envolvem calor e pressão agindo sobre rochas, e provavelmente geraram o metano no interior profundo de Éris e Makemake. Esse metano então teria chegado à superfície através de processos de degaseificação, possivelmente pelo vulcanismo.

Para que haja a formação desse metano, é necessária uma temperatura superior a 150°C, que, por conta da distância dos planetas anões do Sol, só poderia ser alcançada pela presença de isótopos radioativos em seus núcleos rochosos, já que eles liberam calor à medida que decaem. “Núcleos quentes também poderiam indicar a presença de potenciais fontes de água líquida sob suas superfícies congeladas,” afirmou Glein, sugerindo a possibilidade de que Éris e Makemake possam abrigar oceanos potencialmente habitáveis.

Os planetas anões recém-investigados não são os únicos objetos gelados a apresentarem essa possibilidade. Luas geladas, como Encélado, de Saturno, e Europa, de Júpiter, também demonstraram evidências de oceanos subsuperficiais, segundo pesquisas recentes.

Essas descobertas são importantes para a determinação de potencial de habitabilidade de um corpo. Agora, os pesquisadores devem explorar os planetas e, se considerados habitáveis, Éris e Makemake seriam os corpos mais distantes do Sistema Solar a sustentar vida.

Fonte: Revista Galileu.

Foto: Reprodução/Southwest Research Institute.