Dois pontos das falésias da praia de Pipa, no litoral sul do Rio Grande do Norte, sofreram deslizamentos nesta terça-feira (2). De acordo com a Defesa Civil do município, as atividades aconteceram após um “grande volume” de chuva que caiu nas horas anteriores na cidade de Tibau do Sul e região. Não houve feridos.
Os deslizamentos aconteceram na Baía dos Golfinhos, bem próximo ao trecho onde um casal e o bebê de 7 meses morreram em novembro de 2020 em uma queda de uma parte da falésia.
“Eu sempre enfatizo que na verdade onde existe falésia é uma característica inerente ter o deslizamento. Entretanto, devido às grandes chuvas, nós tivemos um volume considerável”, explicou o coordenador municipal de proteção e defesa civil de Tibau do Sul, Mateus Tomaz.
A prefeitura foi avisada de um movimento nas falésias no início da manhã por colaboradores que fiscalizam os transportes aquaviários. “A Defesa Civil municipal seguiu pra região já realizando sinalização, notificação empreendimentos e fizemos contato com a Defesa Civil do Estado”.
Os estabelecimentos que funcionam nesse trecho não abriram nesta quinta, segundo a Defesa Civil. No local, também havia sinalização dos riscos de desmoronamento das falésias.
Solo pesado associado à erosão
De acordo com o geógrafo Rodrigo Freitas, pesquisador a UFRN que coordenou os estudos sobre a estrutura das falésias após o acidente com a família, os deslizamentos aconteceram por conta do solo pesado associado à erosão.
“O que desencadeou essa queda, o gatilho que a gente chama no termo técnico foi decorrente das precipitações que tivemos na noite passada. O solo fica mais pesado e aí temos um gradiente de 90 graus da falésia. Esse peso a mais, aliado a erosão que a maré está produzindo na base da falésia faz com que haja o desmoronamento”, pontuou.
O pesquisador explica que é importante que haja um monitoramento semanal, mas que a sinalização também atua com papel fundamental na proteção das pessoas.
“O que tem que ser feito é esse monitoramento semanal. Ou seja, toda semana estar com esse equipamento pra levantar essas áreas com maior probabilidade de ocorrer. Sinalização e também acesso à informação para os operadores de turismo do local. Quem são os operadores? Todas as pessoas que trabalham. Porque elas acabam ajudando a orientar os turistas para não se aproximarem das falésias”.
A pesquisa, encomendada pelo Ministério Regional do Desenvolvimento, foi entregue com análises do solo e recomendações. Essa área da Baía dos Golfinhos, segundo o pesquisador, era apontada como “uma área de um risco mais elevado e a necessidade de colocar uma sinalização”.
Monitoramento
Entre as principais medidas, está o monitoramento constante como forma de prever o desmoronamento e evitar alguma tragédia.
Segundo o geógrafo, mais oito pontos ainda podem desabar, “por que tanto tem fraturas como tem blocos que estão se afastando da falésias, se desplacando da falésia e pode ocorrer o acidente”.
“É um momento de muita atenção esse período chuvoso. Colocando placas, já dá pra evitar alguma fatalidade”, reforçou Rodrigo Freitas.
O coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil de Tibau do Sul, Mateus Tomaz, informou que a equipe estará novamente no local na manhã de sexta-feira (3) para monitoramento de atuação na área e recomendações a turistas e trabalhadores locais.
“Estamos com fortes chuvas. Amanhã [sexta] bem cedo a Defesa Civil Municipal estará novamente aqui vistoriando e respaldando esse estabelecimentos sobre um possível funcionamento”, pontuou.
Ele disse ainda que a prefeitura contratou peritos para vistoriar e laudar 28 edificações que ficam na região. “A informação precisa com as intervençõe que precisam ser feitas virão com esse laudo que está previsto para o fim do mês de junho”, reforçou.
Fonte: G1.