Emissões de CO2 geradas por combustíveis fósseis vão bater recorde em 2025

As emissões derivadas do uso de combustível fóssil estão a caminho de bater um novo recorde em 2025, destaca um estudo publicado na quinta-feira (13/11). A pesquisa alerta que pode ser impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C. Embora haja indícios de uma recente redução nas emissões da China, não há nenhum sinal de declínio de forma geral, segundo afirmaram pesquisadores.

As projeções indicam que os países devem emitir este ano 38,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) oriundo da queima de óleo, gás e carvão e da fabricação de cimento, segundo dados do novo relatório do Global Carbon Project (Projeto Carbono Global, em tradução livre). O volume é 1,1% maior do que o total emitido no ano passado. A queima de combustível e a produção de cimento são os dois maiores contribuidores para as mudanças climáticas em curso.

O aumento não foi igual em todos os países. As emissões praticamente se mantiveram estáveis na China e na Europa, mas aumentaram significativamente nos Estados Unidos e bastante na maior parte do restante do mundo.

O aumento das emissões é registrado uma década depois de líderes mundiais terem anunciado o Acordo de Paris, cujo objetivo seria reduzir as emissões e impedir as temperaturas de continuarem aumentando. Para tanto, as emissões globais deveriam atingir o pico em algum momento e, então, cair a praticamente zero. A tarefa se torna mais difícil a cada ano em que as emissões aumentam.

“Já tem dez anos que o Acordo de Paris foi adotado e, a despeito dos progressos em muitos fronts, as emissões de CO2 continuam aumentando”, afirmou Glen Peters, pesquisador do Centro Internacional de Pesquisa do Clima, em Oslo, e um dos autores do novo relatório.

Defensores do Acordo de Paris argumentam que as emissões estão aumentando em um ritmo mais lento do que no passado, com muitos países adotando formas menos poluentes de geração de energia. Tecnologias como painéis solares, turbinas eólicas e veículos elétricos proliferam rapidamente, aumentando a esperança de que as emissões poderiam alcançar o seu ápice rapidamente.

Até agora, entretanto, isso não aconteceu.

Um número relativamente pequeno de países responde pela maior parte das emissões mundiais. A China é responsável por 32% do total, seguida dos Estados Unidos (13%), Índia (8%) e União Europeia (6%).

O novo relatório traz um dado surpreendente: depois de anos de crescimento exponencial, as emissões da China parecem estar estabilizando.

Durante as duas últimas décadas, as emissões chinesas dispararam com a expansão industrial do país e a construção de várias usinas de carvão. Mais recentemente, no entanto, a China vem investindo muito em energia eólica e solar, e praticamente a metade dos novos carros vendidos no país já é elétrica.

Embora a maior parte da energia do país ainda venha do carvão e de outros combustíveis fósseis, o relatório estima que as emissões devem aumentar apenas 0,4% este ano ou até mesmo declinar um pouco. Ainda assim, especialistas dizem que ainda é cedo para dizer que as emissões da China atingiram seu ápice.

“Não há um pico claro ainda”, afirmou o pesquisador Jan Ivar Korsbakken, que também participou do relatório. “O futuro é altamente incerto por conta de mudanças políticas que reduzem os incentivos econômicos para energia renovável e um esperado aumento no uso de carvão para a produção de químicos.”

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou este ano que seu país deve reduzir as emissões de CO2 e de outros poluentes em pelo menos 7% até 2035, mas não disse em quanto as emissões ainda aumentariam nos próximos anos antes de os cortes começarem.

Nos Estados Unidos, as emissões devem aumentar 1,9% este ano, em parte por conta de o último inverno ter sido mais frio e demandado mais energia para o aquecimento das casas. O país também queimou mais carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis. As emissões dos EUA já passaram de seu ápice há alguns anos e vêm caindo ao longo do tempo, embora a queda deva ser mais lenta sob a administração de Donald Trump. O presidente já desacreditou os esforços globais para combater o aquecimento global e promove frequentemente o aumento do uso de carvão, óleo e gás natural.

Em muitos países, variações anuais podem ter um efeito maior nas emissões do que a política ou a tecnologia. Na Europa, por exemplo, as emissões aumentaram levemente este ano, cerca de 0,4%, parcialmente por conta de um fevereiro particularmente frio e da queda no suprimento de energia hidroelétrica. Por outro lado, os meses de maio e junho foram mais frescos do que a média na Índia e, por isso, menos carvão foi queimado durante esses meses.

No restante do mundo, de forma geral, as emissões aumentaram 1,1% este ano. As viagens aéreas internacionais aumentaram com rapidez e já ultrapassaram os níveis registrados antes da epidemia de Covid-19.

O relatório destacou alguns progressos. Pelo menos 35 países apresentaram uma redução consistente de suas emissões na última década em comparação aos 21 que haviam feito o mesmo na década anterior.

Ainda assim, na COP-30, em Belém, a maioria dos líderes mundiais concorda que as ações não são suficientes.

“Sim, o progresso é real”, afirmou na última segunda-feira o secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, Simon Stiell. “Mas está longe de ser suficiente.”

Fontes: Estadão, g1.

Foto: Leonid Sorokin/Adobe Stock.

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