Emissões globais de metano crescem em ritmo mais rápido em décadas

As taxas de emissão de metano estão aumentando globalmente em relação às últimas décadas, o que trava as iniciativas de combate ao aquecimento global e pode contribuir com um aumento de 1,5 °C ou mais das temperaturas nos próximos anos. Embora seja menos popular que o dióxido de carbono quando se fala em efeito estufa, este gás também contribui (e de forma significativa) para a intensificação do fenômeno.

Os dados sobre o aumento das emissões globais de metano foram coletados por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo membros da Universidade Duke (EUA), e publicados na revista Frontiers in Nature.

“As emissões de metano têm aumentado rapidamente desde 2006”, afirmam os autores, no artigo. “As emissões devem continuar a aumentar durante o restante da década de 2020, se nenhuma ação maior para tomada”, pontuam. “Os aumentos no metano atmosférico estão, até agora, ultrapassando as taxas de crescimento projetadas”, complementam.

Metano e efeito estufa

“O metano parecia algo que poderíamos deixar para depois, mas o mundo se aqueceu muito rapidamente nas últimas duas décadas, enquanto falhamos em reduzir nossas emissões de dióxido de carbono”, explica Drew Shindell, professor da Duke e principal autor do estudo, em nota.

Segundo o estudo, as emissões globais do metano contribuem com aproximadamente metade dos efeitos do aquecimento global já observados. Isso porque o metano tem um poder de aquecimento que é superior ao do dióxido de carbono nos seus primeiros 20 anos na atmosfera.

Os efeitos do carbono são muito mais duradouros quando se pensa no efeito estufa, já que podem se prolongar por centenas de anos. Já o metano tem uma vida relativamente curta. Se todas as formas de emissão deste gás fossem interrompidas, 90% do metano acumulado teria deixado a atmosfera em 30 anos. Nesse mesmo período, apenas 25% do dióxido de carbono deixaria de ser nocivo.

Então, controlar a emissão de metano é visto pelos pesquisadores como uma maneira rápida de impedir mais aumentos na temperatura do globo no curto prazo. O problema é que, hoje, apenas 2% do financiamento climático global vai para a redução das emissões deste gás, o que precisa ser revertido.

Produção de metano

Os autores do estudo internacional não apontam uma única causa para o aumento nas taxas de emissão de metano, mas existe um conjunto de fatores que pode explicar a origem do problema.

O gás é gerado durante a extração e o processamento de petróleo, gás e carvão, ou seja, dos combustíveis fósseis. Há emissões significativas vindas do campo, com a agropecuária (o gado libera o gás) e a agricultura (incluindo o cultivo de arroz).

Além disso, o aumento de calor já observado acelera o processo de decomposição de matéria orgânica em áreas úmidas, contribuindo para a liberação de metano, retroalimentando o ciclo.

Para contornar o problema, os cientistas têm diferentes propostas que vão desde a criação de metas de captura de metano para as empresas que mais geram o gás até o investimento em inovação para reduzir o impacto de aterros sanitários. Novas tecnologias na agropecuária e agricultura também podem ser úteis, como o enriquecimento das rações dos animais com algas marinhas, o que pode aliviar o impacto ambiental da criação bovina.

Fontes: Canaltech, Frontiers in Nature.

Imagem: antonpetrus/envato.