O segundo dia de programação da Semana Estadual do Meio Ambiente foi marcado por inúmeras atividades no Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, no Parque das Dunas, Cajueiro de Pirangi e em demais Unidades de Conservação. A temática do protagonismo feminino foi um destaque desta sexta-feira (2), ressaltando a necessidade das mulheres em ocupar espaços de debates, como o da sustentabilidade.
Incluir, partilhar e oferecer oportunidades. A SEMA criou um espaço para valorizar o empreendedorismo feminino. Durante todo o dia aconteceu a Feira Mulheres que Fazem, realizada no Espaço Conexões, na sede do órgão ambiental, com moda sustentável, gastronomia, música e artesanato. Uma das expositoras da Feira foi dona Liana Amorim, que desenvolve seus produtos tendo o coco como matéria-prima. Farinha, óleos, sabonetes esfoliantes, artesanato, foram alguns dos produtos vendidos.
Casada com o técnico agrícola José Eromildo, a dupla trabalha junta em todo o processo de produção, desde a colheita da fruta até a exposição dos produtos em feiras. “Aproveitamos tudo da planta, nada se perde na produção. Moramos em uma granja, em Macaíba, que possui muitos coqueiros. Ganhamos um moinho de um amigo nosso e depois criamos uma máquina para auxiliar na produção dos nossos produtos”, afirmou Liana Amorim.
Cerca de 30 expositoras participaram do evento, mostrando seus produtos a todos os visitantes da SEMA 2023.
Segundo a subcoordenadora de Educação Ambiental do Idema, Iracy Wanderley, a Feira Mulheres que Fazem é um instrumento de fomento a pequenos negócios. “A pauta ambiental é transversal, então estamos cumprindo nossa missão de ofertar espaços a fim de valorizar o trabalho e o empreendedorismo feminino. Este também é um dos objetivos da agenda 2030”, destaca.
Espaço de Partilha
No período da tarde, houve o “Espaço de Partilha: equidade de gênero é sustentabilidade e eu digo o porquê”, levantando o debate sobre a implantação da ODS 5 e meio ambiente.
O principal objetivo da atividade é fortalecer a cultura de equidade de gênero e incentivar a naturalização da liderança feminina nos espaços de poder. “Queremos destacar a essência dos 40 anos do Idema, que é a paraça e responsabilidade das pessoas. Não se faz desenvolvimento sustentável sem participação e inclusão, e o papel das mulheres é essencial durante o processo de avanços da sociedade”, falou a subcoordenadora de Planejamento e Educação Ambiental do Idema, Iracy Wanderley.
Para o debate, oito representações da sociedade foram convidadas. “As mulheres são as grandes protagonistas na formação da vida, mas continuam sendo as mais afastadas, desfavorecidas, e as mais vulneráveis no efeito das mudanças climáticas, sobretudo as negras e indígenas. A mulher é predominantemente a paraça de trabalho da nossa sociedade, e ainda assim, as menos favorecidas”, disse a mediadora da mesa, Ulyana Lima.
A co-funder e diretora do Instituto Alziras, Michelle Ferreti, falou sobre a referência da luta feminina no Rio Grande do Norte, e ressaltou que precisamos alcançar um lugar menos hostil na política. Alzira Soriano foi a primeira prefeita eleita do Brasil e da América do Sul, aos 32 anos de idade, em 1928. Ela obteve 60% dos votos da população do município de Lajes. É importante lembrar da participação política de uma série de mulheres que fizeram e fazem a diferença na história. Elas são portadoras de saberes para que a natureza siga em pé e, apesar dos números excludentes que possuem, continuam sendo instrumentos fortíssimos na luta social do nosso país.
Michelle encerrou sua fala reafirmando que “as mulheres são instrumentos de soluções, competências e capacidade”.
Já a advogada popular, professora, doutoranda em Direitos Humanos da UNB, Rayane Andrade, destacou a importância da luta de classes, principalmente, a antiracista. “Somos o país que mais arrecada alumínio, mas, precisamos compreender que esse dado vem da população preta que coleta. Não adianta termos esse destaque, se essas pessoas pretas sofrem violência de todos os tipos, a cada minuto, e que o trabalho escravo continua vivo”, disse.
A Deputada Federal, Natália Bonavides, falou sobre os impactos que atingem todas as mulheres, mas não chegam de forma igual para todas. “O peso não é sentido de forma igual para a sociedade. Dentro dos desafios que o meio ambiente vem enfrentando, como as consequências da mudança do clima, chegam absurdamente diferentes para todos, pois os setores mais vulneráveis serão atingidos de maneira mais forte”, comentou.
A coordenadora da Diversidade Sexual e Gênero da SEMJHID, Rebecka de França, ressaltou a importância da inclusão na indústria da moda e na sustentabilidade, e comentou sobre o Projeto “Mãos que Transbordam Moda”, com a comunidade LGBTI+. Outra personalidade de destaque ao longo do debate foi a Indígena Ibirapi, do Coletivo Mulherio das letras Indígenas, Kelly Potiguara, que ressaltou a importância da saúde feminina. “A saúde do nosso corpo é a saúde do planeta”, frisou.
O debate ocorreu também com a participação da Presidente da Câmara dos Vereadores de Lajes/RN, Rosa Costa; a Estilista, consultora de estilo, representante do Fashion Revolution e idealizadora do projeto Moda de Propósito, Cintia Madero; e a Engenheira Agrônoma, Mestra em Agroecologia, pela Universidade Internacional da Andalucia (UNIA/Espanha), Geane Oliveira. Uma apresentação do Grupo Batuque de Mulheres Independentes encerrou o debate da tarde.
Outras atividades da SEMA
Ao longo do dia, a programação seguiu a todo vapor fora dos muros do Idema. O Cajueiro de Pirangi e o Parque das Dunas também promoveram atividades, como oficina de terrário, exposição fotográfica, minicurso sobre Libras, trilhas interpretativas e educativas. Na Reserva Ponta do Tubarão aconteceram oficinas de placas de madeira, a Trilha dos Olheiros: observação da fauna e visita ao recinto de aclimatação de peixe-boi.
O órgão ambiental montou um espaço com o cubo gigante dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), e esculturas do artista Jô Bonfim.
Fonte: Ascom – Idema.
Foto: Divulgação.