Estudo comprova que maior área marinha protegida do mundo traz benefícios para além de suas fronteiras

O monumento nacional marinho Papahānaumokuākea, no Havaí, é um patrimônio mundial que inclui ilhas, atóis e tesouros arqueológicos. E, nos últimos dias, cientistas descobriram que a reserva traz benefícios para a conservação da biodiversidade além de suas fronteiras. As descobertas, publicadas na revista Science por pesquisadores da Universidade do Havaí e da Universidade de Wisconsin-Madison podem fortalecer o apoio para a meta de proteger 30% dos oceanos do mundo até 2030, estabelecida em um acordo assinado por mais de 100 países.

“Esta pesquisa é importante porque nos ajuda a entender que uma grande zona de proibição de pesca cuidadosamente localizada pode gerar benefícios para grandes espécies icônicas. É como um investimento. Você tem grandes custos iniciais, com a esperança de que isso seja recompensado no futuro”, disse Jennifer Raynor, economista ambiental da Universidade de Wisconsin-Madison e uma das três pesquisas do artigo ao The Guardian. Entre as espécies a que a pesquisadora se refere está o famoso atum albacora, conhecido como ahi em havaiano, cuja pesca aumentou 54% entre 2016 e 2019 perto da reserva.

Cientistas afirmam que é provável que o tamanho da área protegida e o comportamento de retorno de algumas espécies migratórias de atum tenham desempenhado um papel nos efeitos positivos observados. “É importante ressaltar que esta área protegida não foi criada com a intenção de proteger o atum. Este benefício para os peixes foi um feliz acidente da intenção inicial, que era proteger a biodiversidade e áreas culturalmente importantes”, disse à BBC o professor John Lynham, da Universidade do Havaí.

Embora estudos anteriores já tivessem mostrado que as áreas marinhas protegidas contribuem para a preservação de populações locais de peixes, estas pesquisas lançaram dúvidas sobre seu potencial para fornecer os chamados “benefícios de transbordamento” para espécies migratórias, como atum e peixe-espada, já que muitos destes locais são pequenos em comparação com a distribuição geográfica dessas espécies.

“A área protegida pode estar fazendo uma de duas coisas. A primeira é que essas populações icônicas de peixes estão aumentando porque as áreas fornecem berçários para a reprodução, e alguns deles estão se espalhando para áreas próximas. Uma segunda razão pode ser que os peixes estão apenas encontrando um lugar seguro, perto da área protegida, onde não podem ser capturados”, afirmou Raynor.

As áreas marinhas protegidas são frequentemente criadas sem qualquer acompanhamento da proibição de pesca comercial, levando a críticas de que as reservas existem apenas no papel, sem uma proteção real. No entanto, em Papahānaumokuākea, apesar da localização remota, há policiais locais patrulhando e ocasionais visitas de navios da guarda costeira dos EUA para impedir a pesca ilegal. O monumento é gerenciado conjuntamente por nativos havaianos, pelo estado do Havaí e pelo governo federal dos EUA.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Imagens.