Estudo discute o banho de mar como experiência educativa

Cuidado com a saúde, a diminuição do estresse e o relaxamento são os principais motivos que levam os entrevistados aos banhos de mar em Ponta Negra.

A praia de Ponta Negra é um dos destinos preferidos de quem procura diminuir o estresse, se divertir, purificar o corpo e, até mesmo, sentir-se mais livre pelo contato com a natureza.

Mas boa parte dessas pessoas desejosas de um modo de viver mais leve talvez não saiba que os benefícios do banho de mar vão além do que é sentido pelo corpo, podendo estimular a busca de uma compreensão sobre a própria existência e sobre si mesmo.

Isso é o que sugere o artigo O banho de mar como potencializador de experiências corpóreas, produzido por pesquisadores da UFRN.

O estudo resulta de uma pesquisa de campo que coletou e analisou os relatos de pessoas que costumam tomar banho de mar na praia de Ponta Negra, localizada em Natal.

O grupo pesquisado era composto por mulheres e homens, com idade entre 27 e 66 anos, que residiam ou haviam residido no bairro ou na Vila de Ponta Negra e que frequentavam a praia a mais de um ano, pelo menos uma vez por semana.

A análise desses relatos mostra que o cuidado com a saúde, a diminuição do estresse e o relaxamento são os principais motivos que levam os entrevistados aos banhos de mar em Ponta Negra.

Os participantes do estudo também lembraram a mansidão das águas e o contato com a natureza como justificativas para os banhos frequentes na praia.

Os pesquisadores também registraram referências à busca de bem-estar, à necessidade de lazer, ao prazer de entrar no mar e ao desejo de alcançar um propósito de vida.

De acordo com Isabel Mendes, professora do Departamento de Educação Física (DEF) do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRN) e uma das autoras do artigo, os relatos colhidos mostram que as pessoas têm a percepção de que o banho de mar proporciona benefícios terapêuticos para a saúde em geral.

“O dado mais interessante é que os aspectos orgânicos estão entrelaçados com os aspectos psicológicos e sociais, mostrando que a saúde é algo complexo e multifatorial”, comentou.

Equilíbrio

O estudo também revela a percepção que os banhistas têm da praia de Ponta Negra como um espaço que potencializa uma experiência corpórea de calmaria, de mansidão, de intimismo, de encontro consigo mesmo.

Isso contrasta com rotinas cansativas e o ritmo corrido que muitos dizem enfrentar no trabalho ao longo do dia.

Como explica a professora Isabel Mendes, essa busca por mais tranquilidade e bem-estar para equilibrar a vida leva a refletir sobre as muitas exigências que a sociedade coloca diante das pessoas e estimula a reflexão sobre a própria existência e sobre si mesmo.

“Isso nos alerta para a necessidade de reaproximação com o restante da natureza, uma vez que também fazemos parte dela. Desse modo, o hábito do banho de mar é um modo de nos centrar em nós mesmos e ter mais calma para lidar com problemas cotidianos. É tanto uma experiência natural quanto cultural”, disse.

“O banho de mar nos ensina que podemos ter uma atividade de cuidado de si e de quem está em nosso entorno, de modo prazeroso e gratuito. Nesse contexto, podemos adquirir mais leveza em nossa vida que anda repleta de perturbações e estresses”, acrescentou.

O artigo O banho de mar como potencializador de experiências corpóreas foi publicado recentemente pela Revista Latinoamericana de Estudios sobre Cuerpos, Emociones y Sociedad.

Ele foi produzido por integrantes do grupo de pesquisa Corpo, Saúde e Ludicidade (Salud), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (PPGEF). Além da professora Isabel Mendes, são autores desse trabalho Lilian da Silva, Rosie Medeiros, Bérgson Oliveira e Larissa Pereira.

Fonte: Agecom/UFRN.

Foto: Pixabay.