EUA somam prejuízo de US$ 3 trilhões em 45 anos de desastres climáticos

Nos últimos 45 anos, os Estados Unidos (EUA) somaram 403 grandes desastres climáticos, com um saldo de quase 17 mil vidas perdidas e mais de US$ 2,9 trilhões (R$ 16 trilhões) em custos diretos. Os dados públicos foram organizados pelo coletivo Climate Central, que reúne cientistas e comunicadores para disponibilizar dados sobre os efeitos da mudança climática.

À medida em que o planeta vem aquecendo, principalmente devido às emissões da indústria de petróleo e gás, a frequência e o custo dos “desastres bilionários”, como classificou o grupo, também aumentou bastante entre 1980 e 2024, o período de dados analisados. Tragédias como as inundações repentinas no estado do Texas, e ainda nesta semana, na cidade de Nova York, vêm pouco a pouco se tornando rotina no país, que enfrenta ainda secas e temporadas severas de furacões.

Em Hill Country, no centro do Texas, desde as enchentes do dia 4 o número de mortos já se aproxima de 130, com um número maior de pessoas desaparecidas. Na região de Nova York há notícias de dois mortos.

O intervalo médio entre desastres caiu de 82 dias na década de 1980 para 19 dias nos últimos 10 anos. “Isso sobrecarrega os recursos disponíveis para resposta e recuperação”, destaca o levantamento. Enquanto nos dez anos entre 1980 e 1989 foram 57 eventos bilionários registrados, apenas no ano de 2024 a NOAA computou 27 tragédias de grande impacto.

O banco público de dados “U.S. Billion-Dollar Weather and Climate Disasters”, registro sistemático feito pela NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) com os desastres mais caros nos EUA desde 1980, teve suas operações encerradas pelo governo Trump em maio, deixando os dados de 2024 como os últimos disponíveis.

“Os 45 anos de dados arquivados contam uma história clara sobre o aumento de desastres relacionados ao clima. O encerramento deste banco de dados limita o acesso a informações sobre o custo humano e econômico resultante”, alerta comunicado do Climate Central.

Os números são considerados estimativas conservadoras que refletem apenas os custos diretos desses eventos — incluindo os danos físicos a casas, propriedades, plantações e infraestrutura essencial. Essas estimativas também não incluem os muitos desastres climáticos e meteorológicos “menores”, com danos abaixo de US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões).

De todos os 403 desastres bilionários que afetaram os EUA de 1980 a 2024, os ciclones tropicais (furacões e tempestades tropicais) são os que geraram maior prejuízo, e também os mais mortais, embora não sejam os eventos mais frequentes. Os estragos causados por este tipo de fenômeno climático superam US$ 1,5 trilhão (R$ 8,3 trilhões), representando 53% de todos os custos com desastres bilionários desde 1980, aponta o relatório.

Tempestades severas, que produzem tornados, ventos fortes ou granizo, encabeçam a lista de eventos extremos que mais ocorrem em solo estadunidense. Desde 1980, há registro de 203 fenômenos desta categoria, metade de todos os desastres bilionários listados em 45 anos.

Os ciclones tropicais causaram mais de 7 mil mortes, seguidos pelas secas e tempestades severas.

Quando se examina os números por estado, o Texas é a unidade da federação mais atingida por desastres bilionários (190), sendo a maioria deles tempestades severas. Os ciclones, porém, são os eventos que geraram quase 60% do prejuízo acumulado de US$ 436 bilhões (R$ 2,4 trilhões) no estado.

A Flórida tem a maior conta: US$ 452 bilhões (R$ 2,5 trilhões) em 45 anos de danos. Um prejuízo causado quase exclusivamente por ciclones tropicais (94% dos eventos mais danosos ao patrimônio público e privado).

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Jill Carlson, usada sob licença Creative Commons.

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