Eventos climáticos causam mais de R$ 9 bilhões em prejuízos no RN, aponta estudo

Entre 2013 e 2024, o Rio Grande do Norte registrou perdas superiores a R$ 9 bilhões em consequência de desastres naturais, de acordo com levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O estudo, divulgado durante a COP30, em Belém (PA), revela que R$ 4,8 bilhões correspondem a prejuízos públicos, R$ 4,2 bilhões a danos privados e cerca de R$ 66 milhões a perdas habitacionais.

O estudo faz parte de um diagnóstico nacional sobre os impactos de fenômenos climáticos extremos nos municípios brasileiros. Em todo o país, o prejuízo estimado ultrapassa R$ 732 bilhões. A coleta de dados foi feita entre agosto de 2024 e março de 2025, por meio de formulários enviados às prefeituras..

Segundo a CNM, o valor real das perdas pode ser ainda maior, já que menos da metade dos municípios afetados chegou a calcular os danos financeiros. “A Confederação destaca que apenas cerca de 48,3% dos 5.233 municípios que emitiram decretos no sistema federal informaram os valores dos prejuízos econômicos. Observa-se que a maioria dos entes locais prioriza o preenchimento de dados referentes a danos humanos, como número de mortos, feridos e desalojados, por serem informações mais acessíveis”, informa a entidade.

Seca e estiagem são principais causas

O estudo aponta que o Rio Grande do Norte publicou 4.534 decretos de anormalidade entre 2013 e 2024, média de 27 por município, o segundo maior número proporcional do país, atrás apenas do Mato Grosso do Sul. Cerca de 70% dos decretos (3.095) foram motivados por seca ou estiagem, enquanto 218 foram emitidos por excesso de chuvas, o terceiro maior número do Nordeste.

No período, os desastres naturais deixaram 11 mortos, 4.633 desabrigados e 17.525 desalojados no estado. Ao todo, 19 milhões de pessoas foram afetadas direta ou indiretamente, número que supera a população potiguar, o que ocorre porque um mesmo indivíduo pode ter sido atingido em mais de um evento.

O relatório também revela que sete em cada dez municípios brasileiros destinam até R$ 50 mil mensais a ações de prevenção, valor considerado insuficiente pela CNM. Além disso, somente 12% das cidades dispõem de órgãos próprios de defesa civil. “Cerca de 49% [dos gestores] disseram que acumulam a função de proteção e defesa civil em outros órgãos da administração local e 32% contam com estrutura exclusiva vinculada ao gabinete do prefeito”, detalha o documento.

Em outubro, o governo do RN reconheceu situação de emergência por seca em 147 dos 167 municípios. Desses, 71 enfrentam condição de “seca grave”, entre eles Caicó, Currais Novos, Caraúbas e Pau dos Ferros. Segundo a CAERN, dez cidades estão em colapso ou pré-colapso no abastecimento de água, afetando aproximadamente 108 mil pessoas, sendo Serra do Mel o caso mais grave, em colapso há quatro anos.

Dados do IGARN de outubro mostram que os reservatórios estaduais armazenavam 2,28 bilhões de m³ de água, o que representa 44,2% da capacidade total, percentual inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior.

Além da estiagem prolongada, o estado também enfrenta os impactos do avanço do mar e de episódios de chuvas intensas. Em setembro de 2024, a Prefeitura do Natal decretou emergência após a erosão comprometer a estrutura da Praia de Ponta Negra e o sistema de drenagem. A obra de engorda da faixa de areia, finalizada neste ano, demandou investimento superior a R$ 100 milhões.

Durante a COP30, evento que reúne representantes de mais de 190 países, o governo brasileiro reforçou o apelo para que as nações desenvolvidas financiem medidas de enfrentamento aos efeitos do aquecimento global em países em desenvolvimento, cenário em que estados como o Rio Grande do Norte exemplificam com clareza a urgência da adaptação climática.

Fonte: Saiba Mais.

Foto: Reprodução.

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