No dia 4 de janeiro de 1656, a embarcação Nuestra Señora de las Maravillas desapareceu, causando curiosidade e tentativas de resgate ao longo dos últimos 350 anos. Demorou, mas aconteceu: com novas tecnologias e ciência, uma expedição guiada pelo filantropo e explorador Carl Allen encontrou diversos tesouros do antigo navio.
Em uma viagem de Havana para sua terra natal, Espanha, a tripulação teve que passar pelo Velho Canal das Bahamas, um atalho que todos os navios viajando entre a Europa e as Américas tinha que tomar na época. Nessa passagem, o Maravillas colidiu com o principal navio de sua frota, caindo em um recife. Cheia de importantes itens reais e privados, a embarcação afundou no oceano, a 70 km do continente. Entre 45 e 650 pessoas da tripulação sobreviveram — muitas foram comidas por tubarões.
As cargas do Nuestra Señora de las Maravillas foram encontradas recentemente, em uma trilha de destroços de mais de 13 km. Uma expedição da empresa Allen Exploration, que contou com arqueólogos marinhos e mergulhadores das Bahamas e dos Estados Unidos, recebeu a permissão do governo local para explorar a embarcação cientificamente e trazer as descobertas para terra firme, para serem expostas em um novo museu.
A equipe encontrou verdadeiros tesouros nessa busca, o que a faz acreditar que esses achados estavam destinados a aristocratas ou à própria monarquia. Há ainda a teoria de que alguns dos objetos fizeram parte da sagrada Ordem de Santiago, uma ordem militar e religiosa de cavaleiros que protegia peregrinos e era ativa no comércio marítimo da Espanha.
Uma corrente dourada de filigrana com detalhes de rosetas e um pingente com a cruz de Santiago, bem como uma pedra bezoar no formato de uma concha de vieira, símbolo reconhecido pelos peregrinos a caminho de Santigo de Compostela, seriam alguns desses objetos.
Outros achados incluem um pingente com uma cruz dourada de Santiago Maior em uma esmeralda oval emoldurada por uma dúzia de outras esmeraldas quadradas, talvez simbolizando os 12 apóstolos; anéis de ferro; alfinetes de cordame; potes de azeitona; pratos chineses e mexicanos. Além disso, alguns itens pessoais, como o cabo da espada de prata de um soldado e um anel de pérola.
“Quando trouxemos o pingente dourado com a esmeralda oval, minha respiração ficou presa na minha garganta”, disse o explorador Carl Allen em entrevista ao jornal The Guardian. “Eu sinto uma conexão maior com achados rotineiros do que moedas e joias, mas esses objetos de Santiago fazem a ponte entre dois mundos. O pingente me hipnotiza toda vez em que o seguro e penso sobre sua história. Como esses pequenos pingentes sobreviveram nessas águas severas, e como conseguimos encontrá-los, é um milagre do Maravillas.”
Os tesouros do Maravillas serão expostos no Museu Marítimo das Bahamas, na cidade de Freeport, a partir de 8 de agosto.
Fonte: Revista Galileu.