Quando pensamos na Grande Muralha da China, o que vem à mente é uma obra monumental que atravessa séculos como símbolo de proteção e engenhosidade humana. Hoje, a China está erguendo uma nova muralha – não de tijolos e pedras, mas de painéis solares. A Grande Muralha Solar promete ser tão impactante quanto a original, só que, desta vez, sua missão é combater as mudanças climáticas, liderar a transição global para um futuro energético mais sustentável e gerar energia suficiente para abastecer Pequim, uma das maiores metrópoles do mundo.
A China está transformando o deserto de Kubuqi, na Mongólia Interior (região autônoma ao norte do país), com um projeto ambicioso que mistura energia limpa e recuperação ambiental.
O local, antes conhecido como “mar da morte” por suas dunas áridas e ausência de vida, agora abriga um enorme complexo de painéis solares.
A meta é gigantesca: até 2030, o complexo terá 400 quilômetros de comprimento, 5 quilômetros de largura e será capaz de produzir até 100 gigawatts de energia.
Do ‘mar de areia’ ao verde
Fora tudo isso, além de produzir energia limpa, o projeto busca também combater a desertificação e a aridez.
Isso porque as placas instaladas ajudam a fixar as dunas e reduzir o impacto dos ventos. Com o tempo, elas também criam sombra, diminuindo a evaporação e permitindo o cultivo de pastagens e plantas sob elas, como alcaçuz e melões, além de criar gado, algo que também melhora a fertilidade do solo e combate a erosão.
O Parque Solar Midong: o gigante atual
Antes de olharmos para o futuro com a Grande Muralha Solar, é uma das iniciativas mais ambiciosas da história recente. Mas para entender o impacto que essa que é uma das iniciativas mais ambiciosas da história recente, primeiro é preciso compreender o que a China já conquistou no setor de energia solar, incluindo o recente marco do Parque Solar Midong, atualmente a maior usina solar do mundo. Operando desde 2024, esta usina solar tem uma capacidade impressionante de 3,5 gigawatts (GW), tornando-se a maior planta de energia solar em funcionamento no mundo.
O sucesso do Midong não apenas consolidou a liderança da China no setor, mas também pavimentou o caminho para projetos ainda mais ambiciosos, como a Grande Muralha Solar. Se Midong é um feito técnico e ambiental de impacto global, a muralha promete ir ainda mais longe.
A visão por trás da Grande Muralha Solar
A Grande Muralha Solar está sendo construída no deserto de Kubuqi, uma área que, até recentemente, era vista como um “mar da morte” devido à sua aridez extrema, à falta de vegetação e às condições inóspitas que tornavam a região quase inabitável. Com conclusão prevista para 2030, o projeto terá 400 quilômetros de extensão e 5 quilômetros de largura, gerando até 100 GW de energia em sua capacidade máxima – mais de 25 vezes a capacidade do Parque Solar Midong.
Até agora, 5,4 GW já foram instalados, e o ritmo de construção segue acelerado. A escolha do local, com suas características de terreno plano, alta incidência solar e proximidade de grandes centros industriais, foi estratégica. Essa combinação permite não só uma produção eficiente, mas também a integração com as redes elétricas que abastecem cidades como Pequim.
Assim como o Parque Solar Midong já demonstrou que a energia solar pode ir além da simples geração de eletricidade, a Grande Muralha Solar promete causar impactos sociais, ambientais e econômicos significativos.
Com uma escala sem precedentes, o projeto terá capacidade planejada de 100 GW, o suficiente para abastecer milhões de residências e reduzir drasticamente as emissões de carbono, consolidando a posição da China como líder global em energia renovável.
Mas o fato é que, segundo dados mais recentes, de junho de 2024, a China lidera o mundo em capacidade de energia solar instalada, com 386.875 megawatts – cerca de 51% do total global. Em comparação, nesse mesmo mês, os Estados Unidos tinham 79.364 megawatts e a Índia, 53.114 megawatts.
O impacto não será apenas local; ele terá repercussão global, inspirando outras nações com grandes áreas desérticas, como a Austrália e os Estados Unidos, a explorar soluções semelhantes e transformar terrenos subutilizados em fontes de energia limpa. A inovação tecnológica e estética também estará em destaque.
Mas o impacto vai além dos números. A muralha representa uma mudança de paradigma sobre como usamos áreas antes consideradas “improdutivas”. O deserto de Kubuqi, que já foi um símbolo de desolação, está se tornando um emblema de inovação e renascimento ambiental.
Além disso, a muralha envia uma mensagem poderosa: projetos sustentáveis podem ser grandes, ousados e impactantes, contribuindo para a luta global contra as mudanças climáticas.
Enquanto a Grande Muralha antiga é um monumento ao passado, sua versão solar é um símbolo do futuro. Transformando um deserto em um motor de energia renovável, a China inspira o mundo a sonhar grande. E, com determinação, podemos todos construir um futuro mais brilhante – literalmente.
Fonte: Inova Socia, g1.
Fonte: NASA Earth Observatory, imagens de Michala Garrison, com dados Landsat fornecidos pelo U.S. Geological Survey.