Groenlândia: quais são as riquezas da maior ilha do mundo

Entre os oceanos Atlântico e Ártico, no extremo norte do planeta, jaz a maior ilha do mundo, a Groenlândia — que, apesar de geograficamente fazer parte da América do Norte, está historicamente, culturalmente e politicamente ligada à Europa. Apesar do ambiente gelado, o local ainda guarda muitas riquezas, principalmente minerais, fonte de alguns problemas diplomáticos.

A ilha já foi colônia da Dinamarca, mas hoje é território autônomo do país, ou seja, faz parte da região ultramarina dinamarquesa, mas goza de administração própria. Na verdade, é a maior de suas partes constituintes, formada pela península metropolitana, pelas ilhas Faroe e pela própria Groenlândia. Sua capital e maior cidade é Nuuk, no sudoeste, próxima do Canadá.

As riquezas da Groenlândia

Como fica nas rotas de navegação entre Europa e América do Norte e próxima do Ártico, a ilha groenlandesa tem sido visada há décadas como um local estratégico por vários países, principalmente os Estados Unidos e a China. Enquanto esses eram os motivos principalmente durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria, razões mais atuais incluem suas riquezas naturais.

Esses recursos incluem lítio, zircônio, háfnio, cobre, grafite, nióbio, titânio e ródio em grandes concentrações, mas sequer são os principais. O que mais salta aos olhos são neodímio, praseodímio, disprósio e térbio, também conhecidos pelo nome “Terras Raras”, elementos químicos com características magnéticas únicas — seus usos incluem a fabricação de turbinas eólicas e motores de veículos elétricos.

Estimativas apontam que a ilha pode ter até 25% de todas as Terras Raras do mundo, aproximadamente 1,5 milhão de toneladas. Isso coloca um alvo gigante na Groenlândia, já que o mundo se encontra em uma encruzilhada de transição energética, com muitos países buscando energia renovável e limpa.

Comparando com os anos 1960, nestes primeiros anos da década de 2020 o mundo tem usado 4.500% a mais dos elementos de terras raras, segundo o geólogo Adam Simon contou à BBC News Brasil.

Os países interessados nesse aspecto da Groenlândia incluem os gigantes econômicos Estados Unidos e China: este último é líder na mineração e beneficiamento de terras raras, trabalhando aproximadamente ⅓ das reservas conhecidas, bom como extraindo 60% de todas elas e refinando 85%. Em 2010, a porcentagem chegava a 95%.

Apesar da desvantagem, os estadunidenses buscam diminuir a diferença, incluindo terras raras entre os materiais críticos à segurança nacional e firmando acordos de cooperação para desenvolvimento tecnológico e científico entre o país norte-americano e a Groenlândia.

A exploração das minas groenlandesas, no entanto, é lenta, e deve demorar para que mineradoras consigam produzir — algo impossível antes de 10 anos de trabalho.

O território também contém minerais como safiras e rubis — cuja extração parou em 2023 — e urânio, um dos elementos mais controversos da região: empresas australianas tentaram aprovar minas para extrair o elemento diversas vezes, mas todos os esforços foram banidos por lei em 2021, gerando disputas judiciais.

Junto às dificuldades de transporte, devido ao gelo da costa e icebergs dos mares no entorno, os recursos minerais são, sem dúvida, o desafio da década para a Groenlândia, presa num cabo-de-guerra econômico mundial.

Fonte: Canaltech.

Imagem: Buiobuione/CC BY-S.A 4.0.

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