De acordo com o instituto de pesquisa Global Footprint Network, na quinta-feira (1º/8) é marcada como o “Dia da Sobrecarga” ecológica. Em apenas sete meses, a Humanidade consumiu mais recursos naturais e emitiu mais gases de efeito estufa do que a Terra é capaz de produzir ou de absorver ao longo de um ano. O triste marco foi alcançado 15 horas mais cedo do que no ano passado.
A data é um símbolo do consumo excessivo dos recursos naturais do planeta. Nesse ritmo, seriam necessárias 1,7 Terras para sustentar os seres humanos. No entanto, como dizem os slogans e campanhas de ONGs ambientalistas, só temos um planeta disponível, “não existe planeta B”. Com este marco impressionante, especialistas pedem que a sociedade adote um estilo de vida mais sustentável.
A humanidade começa entrou no “cheque especial ecológico”, após esgotar os recursos do planeta disponíveis para este ano, alerta a ONG Global Footprint Network.
O chamado Dia da Sobrecarga do Planeta (Overshoot Day) chegou um dia mais cedo do que no ano passado e assinala o momento em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade da Terra para renovar esses mesmos recursos. A partir de agora, a humanidade vai viver da sobreutilização desses recursos, esgotando ainda mais a biosfera.
O Dia da Sobrecarga da Terra é uma média global que, com poucas exceções, está chegando cada vez mais cedo. Em 1971, por exemplo, ele aconteceu no dia 25 de dezembro. No ano 2000, em 17 de setembro. Em 2023, no dia 2 de agosto.
Já a mesma marca recorde desta quinta-feira já havia sido atingida antes em 2018 e 2022.
Como explica um comunicado a associação ambientalista Zero, a partir de hoje é preciso usar recursos naturais que só deveriam ser usados a partir de 1° de janeiro de 2025, o que significa que os humanos estão usando 1,7 planetas, ou seja, mais 70% do que a natureza oferece anualmente.
Se toda a humanidade tivesse o mesmo padrão de consumo da população brasileira, em 2024, o Dia da Sobrecarga da Terra aconteceria em 4 de agosto. No caso da Alemanha, seria em 2 de maio. Já considerando os Estados Unidos, no dia 14 de março. E se todos os países vivessem como a Alemanha, seriam necessárias 3 Terras. Se vivêssemos como os Estados Unidos, 5 Terras.
Como é calculada a data?
Para medir a pressão da atividade humana é preciso comparar dois conceitos: a pegada ecológica da população e a capacidade biológica de um território. Todos os recursos naturais que a humanidade necessita para alimentação, habitação, transporte e para compensar os resíduos que gera, incluindo gases de efeito estufa, devem ser observados. Esta noção é então reduzida a uma superfície: um campo para produzir cereais, pastagens para o gado, uma floresta para a madeira, um oceano para os peixes. E também a superfície necessária para absorver o CO2 produzido pelas atividades humanas. Esta “pegada” depende do número de habitantes de uma área e do seu estilo de vida.
Já a capacidade biológica de um território representa a superfície necessária para produzir recursos naturais e serviços ecológicos renováveis.
A Global Footprint Network realiza estes cálculos, medidos em “hectares globais”, para cada país, com base em um grande número de dados, como terras cultivadas ou florestais e consumo de energia, entre outros, particularmente fornecidos por agências das Nações Unidas, que são atualizados anualmente.
A capacidade biológica da Terra foi estimada em 12 bilhões de hectares globais, enquanto os humanos utilizam o equivalente a 20 bilhões de hectares por ano, ou seja: 1,7 vezes mais.
Para tornar a compreensão deste valor ainda mais acessível, as ONG converteram o índice numa “dívida” anual: os humanos consomem os recursos renováveis da Terra em sete meses e, teoricamente, vivem “a crédito” até o resto do ano.
Essa sobrecarga ecológica compromete a segurança dos recursos naturais. E as consequências são evidentes no desmatamento, na erosão dos solos, na perda da biodiversidade e no acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera — o que leva ainda a fenômenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes e à redução da produção alimentar.
Lewis Akenji, membro da direção da Global Footprint Network, afirma em comunicado: “A sobrecarga da Terra vai acabar. A questão é saber como: por projeto ou por desastre. Uma transição planejada nos daria mais segurança do que ceder aos caprichos de um planeta desequilibrado pela sobrecarga”.
Fontes: Terra, CNN.
Imagem: Nasa/Goddard/Arizona State University.