Insegurança alimentar aguda piorou pelo quarto ano consecutivo

Mais de 258 milhões de pessoas, em 58 países, enfrentaram insegurança alimentar aguda no ano passado, revela um novo estudo. As principais razões foram conflitos, mudanças climáticas, efeitos da pandemia e a guerra na Ucrânia.

O Relatório Global sobre Crises Alimentares foi divulgado, nesta quarta-feira, por uma aliança de entidades humanitárias, incluindo a União Europeia e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).

Casos fatais

O estudo aponta que a insegurança alimentar aguda causou mortes em sete países: Somália, Afeganistão, Burquina Fasso, Haiti, Nigéria, Sudão do Sul e Iêmen. As vítimas e pessoas carecendo de ajuda aumentaram pelo quarto ano consecutivo.

Para o secretário-geral, António Guterres, esta realidade revela de forma contundente o fracasso da humanidade em avançar em direção ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, que prevê acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição para todos.

Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau

Cabo Verde aparece entre as nações que pediram ajuda externa para alimentos e ou enfrentaram choque alimentar no ano passado.  O arquipélago registrou uma inflação de 16,9%, fazendo parte das situações em que a alta de preços alimentares esteve acima de 10%, incluindo Afeganistão, Bangladesh, Burquina Fasso e Burundi.

Guiné-Bissau e Cabo Verde integram 13 grandes crises alimentares nos últimos cinco anos, juntamente com Congo, Cote d’Ivoire ou Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Libéria, Líbia, Nepal, Nicarágua, Ruanda, Senegal e Togo.

O Brasil é citado por ser um dos cinco países onde os preços de alimentos, fertilizantes, energia e fretes tiveram uma queda em meados de 2022 devido a uma série de fatores, mas permanecem bem acima dos níveis pré-pandemia.

Intervenções agrícolas que antecipem crises alimentares

No Brasil, o desperdício de alimentos chegou a 13,4% entre refugiados e crianças migrantes menores de cinco anos, um nível que na América Latina e Caribe está abaixo de 5%.

Em nível global, o relatório destaca uma tendência preocupante de piora da insegurança alimentar, embora o aumento verificado no ano passado se deva, em parte, à análise de mais grupos populacionais e à gravidade do problema.

Perante as várias crises, o documento apela a uma mudança de paradigma para que mais recursos sejam gastos investindo em intervenções agrícolas que antecipem crises alimentares e tenham como alvo evitá-las.

Questões como conflitos, choques econômicos e condições climáticas extremas continuam cada vez mais interligados, sustentando-se umas às outras e com efeitos negativos na insegurança alimentar aguda e na nutrição.

A publicação destaca ainda que não há indicação de que esses fatores diminuirão em 2023.

Espera-se que a mudança climática leve a mais extremos, a economia seja sombria  em níveis global e nacional e que persistam conflitos e insegurança.

Fonte: ONU News.

Foto: © UNICEF/Sayed Bidel.