Inteligência artificial prevê data da morte com 74% de precisão

Em estudo publicado na revista científica Nature Computational Science no último dia 18, pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), da Universidade de Copenhague (ITU) e da Universidade Northeastern descreveram a criação de uma inteligência artificial que promete prever a data da morte de uma pessoa, por um cálculo obtido através da análise de dados.

O aspecto mais surpreendente é seu alto grau de precisão.

O chatbot, chamado life2vec, utiliza os fatores que podem levar a uma vida mais curta (como um diagnóstico de saúde mental, por exemplo) ou uma vida mais longa (renda mais elevada) para prever eventos.

Ao todo, dados de 6 milhões de dinamarqueses alimentaram a tecnologia nesse estudo inicial. O chatbot foi treinado em dados que vão de 2008 a 2016, mas que não estão disponíveis ao público em geral ou às empresas para cumprir as leis focadas na proteção de dados.

Tal como no caso do ChatGPT,  os cientistas podem fazer perguntas simples ao life2vec, como “morte dentro de quatro anos?” para que o bot faça as previsões. Segundo o artigo, as estimativas da inteligência artificial foram corretas em cerca de 74% dos casos.

“Recorremos a um conjunto de dados abrangente, que está disponível para a Dinamarca ao longo de vários anos, e que inclui informações sobre eventos de vida relacionados com saúde, educação, profissão, renda, endereço e horário de trabalho”, dizem os pesquisadores.

“Nosso modelo nos permite prever diversos resultados, desde mortalidade precoce até nuances de personalidade. Usando métodos para interpretar modelos de deep learning, investigamos o algoritmo para compreender os fatores que permitem as previsões. Nossa estrutura permite que os pesquisadores descubram mecanismos potenciais que impactam os resultados da vida”, completam os responsáveis.

IA prevê risco de morte

Além da data da morte, como esse último artigo propõe, diversos estudos já usaram a inteligência artificial para prever determinados eventos na vida das pessoas, como o risco de um ataque cardíaco ou o risco de morte por câncer de pulmão.

Ele é capaz de prever não só a probabilidade de uma pessoa morrer precocemente, mas a evolução de sua renda pessoal ao longo da vida.

Conforme o relatório publicado na revista Nature Computational Science, o bot previu corretamente quem havia morrido até 2020 em mais de três quartos dos casos.

“Estamos trabalhando ativamente em formas de partilhar alguns dos resultados de forma mais aberta, mas isso requer que mais investigação seja feita de forma que possa garantir a privacidade das pessoas no estudo”, explicou em entrevista ao jornal Daily Mail o autor do estudo Sune Lehmann.

Aspectos da personalidade

Uma outra capacidade do bot, segundo o professor de redes e ex-aluno da Universidade Técnica da Dinamarca, está ligada à personalidade das pessoas. Ele seria capaz de prever, também, aspectos do comportamento individual.

Um elemento que precisa ficar claro, no entanto, é que os pesquisadores utilizaram dados de qualidade de vida da Dinamarca. Isso sugere que os resultados em outros locais do mundo ou o grau de precisão podem variar.

A tendência de uso de ferramentas digitais e robóticas, que preveem questões humanas, tem-se mostrado cada vez mais presente.

Lehmann cita, por exemplo, o uso de algoritmos para traçar perfis e comportamentos nas redes sociais e, simultaneamente, influenciar pessoas.

“Essa discussão precisa fazer parte da conversa democrática para que possamos considerar para onde a tecnologia está nos levando e se esse é um desenvolvimento que queremos”, diz o cientista.

Fontes: Canaltech, Nature Computational Science, CNN..

Imagem: cottonbro studio/pexels.