O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses foi reconhecido nesta sexta-feira (26) como Patrimônio Natural da Humanidade, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), durante cerimônia realizada em Nova Déli, na Índia.
Famoso por sua vasta paisagem desértica, é o maior parque de dunas do Brasil. Elas ocupam aproximadamente 57% da área, que tem um total de 155 mil hectares.
O lugar se destaca também pelas lagoas de água quente e cristalina —algumas delas perenes, outras só formadas nos períodos de chuva —, que fazem dele um dos pontos mais procurados no país. No ano passado, foi listado pelo jornal The New York Times como um dos melhores destinos turísticos do mundo.
A imagem mostra uma vasta paisagem dos Lençóis Maranhenses, com dunas de areia branca e lagoas de água cristalina. O céu está claro, com algumas nuvens dispersas, e a areia se estende em padrões ondulados, intercalados por áreas de água. A vegetação é escassa, visível em algumas partes da imagem.
“O Brasil é um país rico em belezas naturais e este reconhecimento do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio Mundial aumentará significativamente a sua visibilidade global, atraindo turistas de todas as partes do mundo”, comemorou o ministro do Turismo, Celso Sabino, em nota divulgada nesta manhã.
“Este título não apenas eleva o status do local em termos de prestígio internacional, mas também traz diversos benefícios tangíveis, especialmente no que diz respeito à sua preservação”, completou.
Por sua localização, os Lençóis Maranhenses estão em uma zona de transição dos biomas cerrado, caatinga e amazônia. Os principais acessos ao parque são as cidades de Barreirinhas (MA) e Santo Amaro do Maranhão (MA). É possível chegar ainda por Humberto de Campos e Primeira Cruz, também no Maranhão.
Segundo o Ministério do Turismo, os aeroportos com voos comerciais mais próximos são o São Luís e o de Parnaíba (PI).
A beleza do lugar, que combina dunas, costa oceânica, lagoas e áreas de restinga, foi descrita como “excepcional”, por ter uma “paisagem diversificada e de tirar o fôlego”, na reunião do comitê que o definiu como Patrimônio Natural da Humanidade.
Além desse aspecto, foram avaliados itens como a proteção da área, a atuação dos prestadores de serviços turísticos e a situação do plano de manejo do parque, que foi criado em 1981.
“O reconhecimento é resultado do que os Lençóis Maranhenses representam: beleza natural em suas formas imagética, acústica e paisagística, além de um ecossistema que se constituiu como habitat apropriado para a conservação da biodiversidade, inclusive para algumas espécies ameaçadas de extinção. Um paraíso natural que precisa ser protegido para as presentes e futuras gerações”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Segunda a pasta ambiental, há cerca de 133 espécies de plantas, 112 espécies de aves e ao menos 42 espécies de répteis no parque. Além disso, vivem no local quatro espécies ameaçadas de extinção: guará (Eudocimus ruber), lontra-neotropical (Lontra longicaudis), gato-do-mato (Leopardus tigrinus) e peixe-boi-marinho (Trichechus manatus).
Em agosto do ano passado, os Lençóis Maranhenses receberam a última visita técnica dos avaliadores da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), para o processo de validação das informações da candidatura do parque. O processo foi então submetido ao comitê que concede o título internacional.
A missão foi acompanhada por representantes do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão federal que administra o parque, do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima) e do governo do Maranhão.
“O título atrai os olhos do mundo para a região, o que traz consequências boas com o maior ingresso de recursos, mas também riscos com o turismo de massa. Os desafios são, entre outros, fazer uma gestão integrada e sustentável do parque, conter a especulação imobiliária no entorno e repartir os benefícios com as comunidades envolvidas”, disse, em comunicado, Bernardo Issa, coordenador da candidatura e analista do departamento de áreas protegidas da Secretaria de Biodiversidade do MMA.
Além dos Lençóis Maranhenses, a Unesco já reconheceu outros atrativos brasileiros como Patrimônio Natural da Humanidade. Até então a lista tinha sete locais:
Complexo de Conservação da Amazônia Central (AM)
Reservas Sudeste da Mata Atlântica (PR/SP)
Área de Conservação do Pantanal (MT/MS)
Áreas Protegidas do Cerrado (GO)
Parque Nacional do Iguaçu (PR)
Reservas da Mata Atlântica da Costa do Descobrimento (BA/ES)
Ilhas Atlânticas Brasileiras (PE/RN)
Esta é a primeira vez em 23 anos que o Brasil consegue integrar um novo local ao rol. Ao todo, considerando os Lençóis Maranhenses, o Brasil passa a ter 24 títulos de Patrimônio Mundial: 15 deles culturais, 8 naturais e 1 misto.
Equilíbrio entre patrimônio natural e cultural
A escolha dos Lençóis Maranhenses foi realizada pelo Comitê do Patrimônio Mundial, que é composto por representantes de 21 países, eleitos entre os 195 Estados-Partes da Convenção para a Proteção do Patrimônio Cultural e Natural Mundial.
Na 46ª sessão do Comitê, que ocorre de 21 a 31 de julho de 2024, estão sendo examinadas 27 propostas para inscrição na Lista do Patrimônio Mundial. Também estão sendo avaliados o estado de conservação de 124 sítios já inscritos na lista, bem como na lista do Patrimônio Mundial em Perigo.
A Convenção do Patrimônio Mundial foi adotada em 1972 e aborda simultaneamente os conceitos de conservação da natureza e de preservação dos bens culturais. O tratado reconhece a forma como as pessoas interagem com a natureza e a necessidade fundamental de preservar o equilíbrio entre os dois.
Fontes: ONU News, Folha SP, g1, CNN.
Foto: Marcos Issa/Argosfoto.