Microplásticos no ar podem causar cânceres pulmonar e de cólon, alerta nova pesquisa

Um novo estudo de revisão científica realizado pela Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), revela que os microplásticos presentes no ar, que se acumulam a partir principalmente do desgaste de pneus e resíduos em decomposição, podem estar relacionados a cânceres de pulmão e de cólon, além de infertilidade em homens e mulheres. A pesquisa, que analisou mais de 3.000 estudos, sugere que essas partículas minúsculas e que penetram facilmente o corpo humano também estão associadas à inflamação pulmonar crônica e redução da função respiratória.

Medindo menos que 5 milímetros, os microplásticos estão presentes em todos os ambientes, tornando-se uma forma de poluição do ar. Nicholas Chartres, professor atualmente na Universidade de Sydney e principal autor do estudo, enfatiza a necessidade urgente de ações políticas para reduzir a exposição da população a essas partículas tóxicas. “Pedimos que as autoridades reguladoras e os líderes políticos considerem as crescentes evidências de danos à saúde causados pelos microplásticos, incluindo cânceres de cólon e pulmão”, afirmou em nota.

O estudo, publicado nesta semana na revista científica Environmental Science & Technology, é a primeira revisão sistemática sobre os microplásticos utilizando métodos de pesquisa altamente rigorosos aprovados pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Embora a maioria dos estudos analisados tenha sido realizada com animais, os pesquisadores afirmam que os resultados também se aplicam aos seres humanos devido à semelhança nas exposições a essas substâncias.

Com a produção global de plásticos alcançando quase 460 milhões de toneladas anuais, volume que segundo o Programa das Nação Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) pode triplicar até 2060, os pesquisadores alertam para a necessidade de políticas públicas que enfrentem essa crescente ameaça à saúde humana e ao meio ambiente.

O lançamento desse novo alerta chega poucas semanas depois das negociações da ONU sobre a criação de um tratado global de plástico fracassarem sem acordo sobre metas e financiamento. Enquanto o mundo não se compromete em enfrentar o problema da geração de resíduos plásticos, os cientistas apelam para que governos, ainda que individualmente, hajam. “Esperamos que os governantes tomem medidas imediatas para prevenir essas exposições”, defendeu Chartres.

Fonte: Um só Planeta.

Foto: Australian Institute of Marine Science.

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