Apesar do acesso ao Morro do Careca estar proibido desde 1997, barracas e banhistas foram flagrados na área restrita em maio. Além da proibição de que pessoas subam na duna, feita para evitar uma maior erosão do morro, o local também apresenta risco de desmoronamento por casa do avanço do mar, que tem formado falésias com até três metros de altura.
No relatório mais recente elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb) a pedido do Ministério Público Federal, foi apontado risco de desmoronamento que poderiam atingir banhistas e pessoas que se abrigam do sol na área. Mas, na avaliação do professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rodrigo de Freitas, não há motivo para alarde.
“Há um risco para as pessoas que se aproximarem da falésia que fica na base do Morro do Careca. Um bloco pode se desprender e atingir quem está perto. Isso acontece, geralmente, à tarde, quando aquele espaço vai dando sombra. Mas, não é que o morro vai desmoronar de uma vez e atingir as pessoas, como ocorre, por exemplo, nas outras falésias do estado que possuem 30 metros de altura e podem atingir uma área bem maior”, diz
O local é vigiado das 07h às 13h pela Polícia Militar e, desse horário em diante, pela Guarda Municipal de Natal. Porém, durante vistorias realizadas pelo Idema foi verificada a ausência da Guarda no período vespertino, justamente, no horário em que costumam ocorrer as invasões, segundo informações recebidas pelo MPF, que solicitou uma resposta da Guarda sobre as falhas na vigilância do local.
Brasília
O licenciamento ambiental necessário para iniciar a obra de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal (RN), está sendo tratado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) de Brasília. A Superintendência local não tem contato com o processo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), toda a documentação necessária foi encaminha no dia 11 de maio. Já as solicitações por informações feitas pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), órgão estadual, foram respondidas em 30 de janeiro.
Apesar de não haver uma solução permanente para o problema da erosão do Morro do Careca, a engorda da praia de Ponta Negra foi apontada por estudiosos como a melhor opção para deter o processo de desgaste do cartão postal de Natal, que já passa por erosão há mais de uma década, segundo o professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Rodrigo de Freitas.
“Essa erosão já vem sendo relatada há mais de uma década e a única forma de cessar é fazendo a engorda com areia suficiente para que as ondas não quebrem mais na base do Morro do Careca. A erosão vai escavando a base e vai fazendo com que a areia seja removida mais rapidamente. O Morro do Careca é uma duna semifixa, então, constantemente, a areia está chegando. Ela é depositada pelo mar na parte posterior àquela face que nós vemos e outra parte é levada pelo vento e vai caindo na praia. Esse é um processo natural. O que tem acontecido é que com a aceleração da erosão, vai sendo removida a areia na base do morro e ele vai perdendo sua característica principal. Isso afeta a manutenção da forma do morro”.
Podemos perder o Morro do Careca?
“Não há risco de ficarmos sem ele em algumas décadas. A principal preocupação, para a qual nós chamamos atenção, é perdermos a forma do Morro do Careca, aquela feição que o identifica. Se a erosão continuar na forma que vem ocorrendo, há um risco de descaracterização da forma”, alerta Rodrigo de Freitas.
Engorda é suficiente?
“Se as ondas não quebrarem mais ao pé do morro, da erosão marinha ele vai ficar protegido. Mas, é preciso ir além e fazermos medições para saber se a quantidade de areia que está chegando na parte montante, ou seja, a outra face do Morro do Careca, onde chega a areia transportada pelo vento, é suficiente para manter aquela forma no longo prazo. É possível fazermos um cálculo se monitorarmos a quantidade de areia que entra e que sai. Mas, hoje não temos essa projeção porque é preciso fazer um monitoramento com medições sistemáticas para compreendermos essa dinâmica natural do Morro do Careca”, aponta o professor do Departamento de Geografia da UFRN.
O projeto de engorda
O projeto de engorda prevê o alargamento da faixa de areia da praia de Ponta Negra em até 100 metros na maré seca e 50 metros na maré cheia. O serviço, orçado em R$ 75 milhões, terá três etapas:
1ª: a complementação do enroncamento, ou seja, dos blocos utilizados para contenção da água;
2ª: a alteração da drenagem na região para reduzir a paraça das águas pluviais que chegam à praia e, assim, minimizar a erosão costeira;
3ª: o aterramento hídrico com cerca de 4,4 toneladas de areia.
Fonte: Saiba Mais.
Foto: Isabela Santos.