“Não há varinha mágica que desligue aquecimento”

110 líderes mundiais estão aqui em Sharm El Sheikh, no Egito, para a Cimeira sobre as Alterações Climáticas das Nações Unidas, da COP 27, e todos estão sob uma grande pressão para agir. Não é apenas dos partidos da oposição, dos eleitores, dos grupos de campanha e da sociedade civil, mas também dos cientistas que dizem que já não é uma questão de “o tempo está a esgotar-se”, é já uma questão de “o tempo esgotou-se”, segundo Johan Rockström. Diretor do Potsdam Institute para Climate Impact Research e um dos principais cientistas climáticos mundiais.

“As decisões que tomarmos agora terão impactos durante séculos. Quero dizer, ultrapassar os 1.5° e o derretimento do manto de gelo da Groenlândia não acontecerá da noite para o dia, mas é irreversível, mesmo que leve 500 anos, sete metros de subida do nível do mar. No que diz respeito às possibilidades de retrocesso… A única opção que temos é a de remover o dióxido de carbono da atmosfera. Portanto, há uma oportunidade amortecedora que temos, se trabalharmos com a natureza, se construirmos reservas de carbono e se constituirmos reservas, particularmente numa natureza intacta na Terra e através de sistemas agrícolas, por exemplo. Mas não há soluções mágicas. Não há varinha mágica que nos possa levar de repente a desligar o aquecimento que causámos”, afirma o cientista.

Não há nenhuma varinha mágica, mas o que há é dinheiro. Muitas das conversas aqui serão em torno das finanças, dos países mais ricos até aos mais pobres. Desde aqueles que provocam as mudanças climáticas até aos mais afetados por elas, de modo a ajudar na adaptação, pois sabemos que as mudanças estão agora em curso e que as pessoas precisam de ajuda para lidar com este planeta em aquecimento que temos. Um dos principais objetivos é alcançar-se a meta de mais de 100 bilhões de euros necessários para ajudar os países mais vulneráveis a adaptar-se e a lidar com as alterações climáticas, como ficou acordado na COP 26 em Glasgow, na Escócia, em 2021.

“Este é um momento para uma epifania global, não é hora para covardia moral e indiferença imprudente ao futuro da humanidade”, disse ontem (7) o ex-vice-presidente americano e ativista climático Al Gore, em discurso na abertura oficial da Conferência do Clima da ONU, que acontece no balneário de Sharm-el-Sheikh, Egito. “Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé ainda no acelerador”, discursou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

O clima de exortação marcou os discursos de líderes mundiais que se sucederam durante toda esta segunda-feira. Mais de 100 presidentes, primeiros-ministros e chefes de estado estão reunidos para discutir temas complexos, como financiamento climático, e trazer suas demandas.

A COP 27 realiza-se em Sharm El Sheikh, no Egito, até ao dia 16 de novembro.

Fonte: Euronews.

Imagem Pixabay.