Natal está entre as cidades brasileiras que mais enfrentarão ondas de calor extremo até 2050, mostra estudo

A capital do Rio Grande do Norte está entre as cidades brasileiras que mais vão “ferver” até 2050. É o que mostra um estudo realizado pelo jornal americano The Washington Post e pela CarbonPlan, uma organização sem fins lucrativos que desenvolve dados e análises sobre o clima.

Segundo a publicação, o mundo está prestes a viver um aumento de dias extremamente quentes que colocam a vida humana em risco. Natal terá três dias acima da média deste patamar até 2050. Ainda assim, está longe de outras cidades brasileiras que vão passar por temperaturas piores.

As grandes ondas de calor vão atingir principalmente o Norte. É o caso de Manaus. A capital do Amazonas aparece em primeiro lugar no ranking das cidades brasileiras, com 258 dias de extremo calor. Em seguida vêm Belém (222 dias), Porto Velho (218) e Rio Branco (212) com números acima de 200 dias.

Manaus: 258 dias

 

Belém: 222

 

Porto Velho: 218

 

Rio Branco: 212

 

Boa Vista: 190

 

Macapá: 185

 

Cuiabá: 168

 

Palmas: 158

 

Teresina: 155

 

São Luís: 83

 

Campo Grande: 39

 

Rio de Janeiro: 22

 

Porto Alegre: 8

 

Florianópolis: 7

 

Goiânia: 6

 

Aracaju: 3

 

João Pessoa: 3

 

Natal: 3

 

Salvador: 2

 

Belo Horizonte: 1

 

*As outras capitais aparecem como “zero” ou sem dados disponíveis.

 

O tipo de calor

Washington Post e CarbonPlan classificam como um “calor extremamente arriscado” as temperaturas acima de 32ºC. Mas, para isso, os pesquisadores utilizaram uma outra forma de análise. Foi a “temperatura de globo do bulbo úmido”, um índice que considera a temperatura, umidade, luz solar e vento. É uma forma de medição mais ampla do que as temperaturas que normalmente vemos, como explica o professor Weber Andrade Gonçalves, meteorologista e docente do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas da UFRN.

“É um índice que leva em consideração, além da temperatura e do ar, o vento e a temperatura do ar seco. Então esse índice é calculado para se medir qual o estresse que uma pessoa pode ser levada baseado nessas características”, diz o meteorologista.

“Porque, por exemplo, não basta só estar muito calor para que as pessoas sofram por algum motivo relacionado à temperatura, mas se tiver com pouco vento, se a umidade estiver muito alta, então os efeitos são maiores”, diz ele.

Assim, mesmo uma temperatura usual no Rio Grande do Norte, como 32ºC, pode ter outras consequências se considerando a análise feita com a temperatura de globo do bulbo úmido.

“Quando você vê lá e acha que uma temperatura de 32ºC é baixa, porque 32ºC no litoral do Rio Grande do Norte é uma coisa constante, mas esses 32ºC é levando em consideração a temperatura, a umidade e o vento”, enfatiza.

“A maioria das métricas avalia apenas a temperatura e a umidade, o que pode ajudar a mostrar como o corpo luta para se resfriar ao suar quando o ar está úmido. Mas eles não levam em conta o sol batendo na pele ou o resfriamento de uma leve brisa – fatores que também podem afetar a capacidade de uma pessoa suportar condições de calor”, diz a publicação do Post.

Mortes

A publicação afirma que, até 2050, mais de 5 bilhões de pessoas estarão expostas a pelo menos um mês de calor extremo ameaçador à saúde quando expostas ao sol. No ponto limite utilizado, mesmo adultos saudáveis ​​que praticam atividades ao ar livre com frequência podem sofrer estresse térmico, e mortes podem ocorrer.

As principais vítimas potenciais são idosos e pessoas com doenças pré-existentes mas, a 32ºC, dizem os investigadores, quase todas as pessoas são vulneráveis.

Onda de calor atual

O alerta vem na esteira de outro aviso sobre uma onda de calor, essa que já está atingindo o Brasil neste momento. A MetSul Meteorologia, uma geradora de conteúdo de informação meteorológica, divulgou que vai haver um “episódio excepcional” de calor em grande parte do país, principalmente entre o fim desta semana e o começo da próxima.

A massa de ar quente deve elevar para próximo ou acima de 40ºC estados como o Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão. No Centro-oeste, as temperaturas podem variar entre 43ºC e 45ºC.

De acordo com Weber Gonçalves, isso se dá por conta de um sistema de bloqueio atmosférico na região central e Sudeste do Brasil. Ele faz com que as regiões fiquem numa “bolha” de calor, não permitindo que os sistemas precipitantes (as frentes frias) que vêm da região sul da América do Sul adentrem no continente. E por exemplo esse sistemas que eu tô falando são frentes frias.

“Essas frentes frias trazem um ar frio junto com elas, e aí diminui a temperatura na região Sul, Sudeste, Central do Brasil. Como a gente está com esse sistema de bloqueios, as frentes frias não estão conseguindo avançar pela América do Sul, então não está tendo esse resfriamento e acaba que grande parte do país está sofrendo com essas temperaturas elevadas”, aponta o pesquisador.

Fonte: Saiba Mais.

Foto: Marcelo Seabra/Agência Pará.